SALVE, FRANCISCO!

Apesar do avanço tecnológico, social e cultural das últimas décadas, a ordenação de um novo Papa ainda mexe com as pessoas. Crença e fé para uns, sentimentalismo e saudosismo para outros. Me enquadro no último grupo porque, criada dentro do Catolicismo, pelo menos dois papas fizeram parte da minha infância e juventude. João XXIII eu guardo nos retratos de criança quando olhava com respeito e até um certo receio aquele homem tão poderoso que, mesmo tão distante, "representava Deus na Terra". Paulo VI representou minha adolescência e parte da minha juventude. Foi nesse período, lá pelos 16 anos, que comecei a questionar as coisas da vida e, na busca de explicações, bati de frente com os dogmas da Igreja Católica. Mesmo assim continuei católica praticante até meus 19 anos quando, então, encontrei no Espiritismo as respostas que buscava.

Por isso, foi com um misto de saudosismo e sentimentalismo que aguardei pela "fumacinha branca" e assisti a aclamação e o primeiro pronunciamento do Papa Francisco, o primeiro latino-americano a assumir a condução espiritual de mais de 1 bilhão de pessoas e o gerenciamento dos problemas sócio-políticos numa sociedade conturbada e em constante transformação. Transformações que a Igreja Católica não tem acompanhado, apesar de algumas mudanças, especialmente no tocante aos padres jovens, simpáticos e cantores que têm surgido nos últimos tempos. Mas, mudanças estruturais não houveram e, pelo histórico do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, dificilmente ocorrerão.

Mudar as estruturas seculares dos pilares que sustentam a Igreja Católica seria um trabalho de titãs, porque implica em toda uma mudança de mentalidade e o abrir mão de certos aspectos que podem rachar as bases que sustentam o poderio político e econômico da Instituição. De qualquer forma, torço para que o novo Papa consiga, junto com seus assessores, fechar as ranhuras internas que têm denegrido a imagem da Igreja nos últimos anos. E desejo que a simpatia e a humildade do seu primeiro pronunciamento se estendam às causas sociais, principalmente no que tange ao preconceito contra as minorias. Afinal, a Igreja Católica é ainda um Hércules a influenciar 17% da população mundial e o que vier de Roma, com certeza, penetrará os corações de seus seguidores.

Já não sou aquela adolescente, mas continuo questionadora. Os tempos são outros mas, enfim, "Habemus Papa". Salve, Francisco!

Giustina
Enviado por Giustina em 14/03/2013
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