zé mandú

ZÉ MANDÚ

Pedro Pauletto

Zé Mandú era um roceiro esforçado, uma figura humilde e simpática . Todos o apreciavam lá pelas bandas de Água Preta e sempre o convidavam para tomar um cafezinho com um pedaço de bolo de fubá. Sua prosa era animada e seus “causos” enchiam o ar de graça e coisas antigas. As crianças pulavam para o canto do fogão à lenha, nas noites de lua cheia e mortas de medo, ouviam os causos de assombração de Zé Mandú. Os lobisomens, as mulas sem cabeça e o saci pererê, povoavam aquele mundo infantil com historias saídas da imaginação daquele homem tão humilde, analfabeto e bom. Jamais havia ficado doente, até que um dia amanheceu com forte dor na barriga e na “cacunda” como dizia. Teve que vir para a cidade se consultar e todos o conheciam porque aos sábados bebia sua cachaça barata e quebrava a monotonia das ruas de Jarinu. Procurou o “seu Talma” na única farmácia , ali em frente ao açougue do Pedro Lorencini e logo foi atendido. O “seu” Talma o examinou e explicou que era verminose, não era nada grave mas teria que tomar uns remédios e fazer uma lavagem no reto com uma solução apropriada. Neste instante o Zé Mandú pegou o seu inseparável chapéu de palha no chão, saiu depressa da farmácia xingando o atencioso e saudoso Sr Talma dizendo: “ Tá loco! Ô farta de vergonha! Eu posso morrê seu Tarma mas quero morrê honrado”

Pedro Pauletto
Enviado por danilos em 14/03/2013
Código do texto: T4188635
Classificação de conteúdo: seguro