Uma Guerra sem Sentido
Uma guerra sem sentido
Jorge Linhaça
Não é que exista alguma guerra que tenha sentido, todas elas são geradas pela ambição dos homens, seja qual for a desculpa apresentada, no entanto existe uma guerra velada que ocorre a cada dia entre pessoas que alegam desejar as mesmas coisas.
Não é uma guerra armada, ao menos não na grande maioria dos casos, embora provavelmente ainda haja quem acredite que a morte ou a destruição de seres humanos possa ser a solução para todos os problemas.
A guerra velada ( ou, às vezes, aberta) entre simpatizantes de denominações religiosas, principalmente entre aquelas que se denominam cristãs, sejam elas mais antigas ou mais "da moda", gera muito mais baixas entre os membros das várias igrejas do que se possa avaliar realisticamente.
Quando um líder religioso proeminente, decide que é preciso demonizar algum grupo que não seja o seu, não afeta necessariamente os membros do outro grupo, mas com certeza afasta suas próprias ovelhas do verdadeiro espírito cristão.
Não quero dizer com isto que as pessoas precisam aceitar as doutrinas de outras igrejas ou seitas, eu mesmo discordo de muitas que conheço ( mas ao menos eu conheço aquilo de que discordo, não discordo porque mandaram discordar ), a questão é que existem várias semelhanças muito mais importantes do que as diferenças doutrinárias que parecem saltar aos nossos olhos.
Os ensinamentos básicos de Cristo devem ocupar um lugar muito mais destacado do que os usos e costumes de cada denominação. Não creio que exista alguma congregação que professe o cristianismo e que incentive seus membros ao pecado, embora algumas sejam mais tolerantes que outras quanto ao que seja ou não pecado. Mas isso não importa.
A questão real é que, se todas as denominações cristãs dessem as mãos para realizar o bem, auxiliar ao próximo e darem exemplos positivos para a sociedade, independente da doutrina específica de cada uma, por certo construiríamos uma sociedade muito melhor do que esta em que estamos inseridos.
Imaginem o que poderia ser conseguido se as diferenças fossem esquecidas e os programas de ajuda humanitária das diversas denominações coordenassem seus esforços em prol de todas as pessoas independente de qual religião cada uma professe? Quantas pessoas poderiam ser realmente abençoadas material e espiritualmente com esse "esforço concentrado".
E não seria necessário parar por aí, religiões não cristãs também poderiam colaborar, afinal muitas pregam a caridade ao seu modo.
Felizmente temos visto essa colaboração avançar em várias ocasiões, pelo menos entre a “Cáritas” e o “Mãos que ajudam”, com algumas alianças pontuais com outras denominações. Aprender a trabalhar juntos e compreender e aceitar as diferenças é uma grande oportunidade de crescimento de lado a lado.
Que o espírito de caridade e de amor ao próximo possa alcançar todos aqueles que desejam fazer a diferença neste mundo conturbado independente de qual fé professem.
Inclusive àqueles que se ocupam de criar antagonismos desnecessários e imaturos apenas para se destacarem ou chamarem atenção para si.
Enquanto esses falam e destilam sua intransigência, os verdadeiros cristãos dão-se as mãos e ajudam ao próximo.
Salvador, 13 de março de 2013.