De motorista a professor de Matemática

Sêo Vicente, de motorista a professor de Matemática

Em 1970, quando iniciei o estudo de Letras lá na Faculdade de Penápolis, éramos centenas de alunos. Íamos em peruas Kombi. Só de Lins, havia umas dez. De tarde e à noite.

Lembro-me de ter ido em comitiva pedir à Irmã Barreto, então Diretora da FAL, sobre a possibilidade de instalar cursos noturnos também em Lins. Ela respondeu negativamente. Não queria rebaixar a qualidade do ensino, respondeu.

Esse movimento de estudantes era o ganha-pão de muitos. Entre eles havia um dono de perua já de certa idade. Chamava-se Vicente. Sempre brincávamos com ele.: Sêo Vicente, já que o senhor fica aí esperando os estudantes sem fazer nada, por que não estuda também?

Não é que ele levou a serio a brincadeira? Fez o supletivo do atual fundamental e do médio. Prestou vestibular e ingressou no curso de Matemática. Após três anos estava formado. Prestou concurso e foi ser professor efetivo estadual. Salvo engano, morava em Getulina. Aposentou-se, adquiriu um sítio e encontrava-o às vezes na feira de Lins vendendo os produtos que cultivava.

Foi um exemplo de vida. Conto sua história com orgulho, celebrando 40 anos de formatura e porque não, talvez tenha contribuído um pouco com a sua trajetória de vida. Talvez sem querer, com o espírito de brincadeira que ele levou a sério.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 12/03/2013
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