VATICANO: FUMAÇA BRANCA E FUMAÇA PRETA
Por Carlos Sena


 
Sei que onde há fumaça há fogo. Adoro adágios populares porque dificilmente não conduzem princípios de sabedoria. Por isso, nem sempre onde há fogo é porque houve antes fumaça. Também nem sempre a fumaça que a gente vê é aquela que prenuncia incêndio. Ou não? Da fumaça do cigarro acesso, nem sempre vem incêndio ou fogo prenunciado. Dela se pode depreender suicídio lento, ou também incêndio provocado pelas bitocas.
Outro fogo que nem sempre se vê o incêndio é o fogo de gente, especialmente de mulher. Chegam até a dizer que fogo de morro acima, água de morro abaixo e mulher querendo “dar” ninguém segura. Pode ser, mas também pode não ser. Fumaça é fumaça e fogo é labaredas, regurgito de vulcão, brasas juninas, saudações de São João... Já nem sei se onde há fumaça há fogo. No vaticano onde há fumaça há papa; na minha cozinha se houver fumaça pode ser incêndio mesmo. No meu quarto se houver fumaça é metafórica, mas pode ser que venha do fogo que na cama acasalam amantes.
A vida é como dizemos no popular, “fogo”. Mas Roma já foi incendiada por Nero e, agora, especialmente no Vaticano fumaça também é fogo. Fogo que a fé acalenta; fogo que os corações aquecem para que a vida não fique assim meio sem sentido com tanta gente querendo ser dona de “DEUS”... Dizem que o conclave está sendo aprontado para escolha de mais um PAPA e nele, a “pira” que irá soltar a fumaça que prenunciará o novo líder da igreja caótica, desculpem, católica. Dizem que é o processo de escolha mais misterioso do mundo, mais secreto do mundo... Duvido dessas coisas secretíssimas e do que lá por dentro deva acontecer. Mais de cem homens vestidos com aquelas “saias”, com aquele cinturão largo na cintura – indumentárias decoradas com aquelas cores roxas, carmim, rosas... Cercados por candelabros, por riquezas artísticas de Michelangelo na Sistina por todos os lados. O povo lá fora acotovelado para ver a fumaça... Se negra, não há Papa. Se branca há Papa. Até entre as fumaças a branca é melhor do que a preta, mas tudo lá dentro combina por conta do consubstanciado mistério que envolve a escolha do novo Sumo. Sumo? Por que não Suco? Sulco o meu “leriado” gramatical para não ser fumaça preta...
Afinal, quem sou eu para ficar fustigando com isso, dirão. Pois é. Não sou nada mesmo e por isso fustigo. Por não ser nada fico isento, pois afinal, quem irá se importar com um simples mortal e pecador aos estremos que mete o pau nessa “fumacinha”? Afinal quando eu era criança a gente aprendia a meter o pau no gato. Hoje, melhor meter o pau em quem estiver sem pau ou dele precisando. Mas, humor a parte, fico na expectativa da fumaça e do fogo. Do fogo dos padres e da fumaça nem sempre da paz... Hoje eu me lembro que minha avó fumava cachimbo, com fumo "lasca-peito" e tudo. Só que naquela época eu não me ligava muito nessa história de “onde há fumaça há fogo”, porque no “cachimbo” da minha avó tinha fogo e fumaça ao mesmo tempo...