Correntina ... pedacinho de saudade

O que leva alguém a percorrer 980 km para rever uma cidadezinha, escondida entre as névoas das recordações ?

Um inexplicável desejo de sentir novamente as sensações de liberdade e pureza que só aos jovens é permitido sentir? quem sabe ?

Talvez um pouco do melancólico "último adeus"aos sonhos que a vida não realizou ? Talvez.

Cada trecho de estrada percorrido, uma expectativa. Como se lentamente regressassemos no tempo.

Observar as pequenas cidades renovadas pelas pinceladas da modernidade, pelo sopro do progresso, passando velozmente pela janela do carro.

A estrada ladeada por arvores que acolhem nossa ansiedade ...as flores silvestres, os pequenos pássaros, as borboletas

Enfim CORRENTINA, descortinando-se diante de nossos olhos.

Delicioso rever a praça onde os jovens reuniam-se ao fim da tarde. A igrejinha, as casas bem conservadas.

A casa cor de rosa onde moramos por 9 anos...um filme passando pela cabeça, a memória acelerada buscando nas velhas gavetas cenas e fatos tão longícuos e quase esquecidos.

E sermos reconhecidos, apesar do tempo que desmancha a fisionomia sem pena. A alegria do reencontro....indescritível !

O rio...ah! o rio Correntina, descendo em cascatas e cachoeiras. Um deslumbramento!

Caminhar pela mata fresca, cheirando a folha verde...

O imenso jatobá, em cuja sombra saboreávamos suas vagens e chegávamos em casa com as bocas e mãos sujas de seu pó amarelo como leite em pó...

Permanece lá, o velho jatobá, no mesmo lugar. Imponente a desafiar o tempo.

Percorrer a barragem que vimos ser construída, passo a passo.

Ainda podíamos sentir o friozinho na barriga, o mesmo que sentíamos quando corríamos por suas bordas, sem medo de cair de seus 4 mt de altura.

Ah! a infância ! livre dos medos, quando a imaginação é o guia.

As comportas por onde a água despenca transformando-se em energia. Ali, naquela plataforma que chamávamos de castelo, os jovens faziamos serenatas e trocavámos olhares ...

As sete ilhas, antes escondidas pela mata verdejante, lindamente estruturadas agora.

Um pequeno paraíso onde as águas, correndo em cascatas, emolduram as formas das ilhas entrelaçadas por pequenas e graciosas pontes.

AH! Correntina cresceu como não poderíamos jamais imaginar.

O progresso mudou sua fisionomia, embora conserve ainda aquele ar matuto de ingenuidade que marcou prá sempre nossas almas.

E como há 50 anos passados, deixamos a cidadezinha prá trás, envolta pela névoa de nossas lembranças.

Ah ! Correntina, Correntina...contigo deixo um pedacinho de meu coração.

Aziul
Enviado por Aziul em 09/03/2013
Reeditado em 18/03/2013
Código do texto: T4180179
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