NO CASAMENTO OAMOR NÃO PASSA DE CINCO ANOS.

NO CASAMENTO, O AMOR NÃO PASSA DE CINCO ANOS.

Danilos

Certa noite, passava das 11 horas, eu estava em um trem de subúrbio. O vagão não estava lotado, mas havia muitos passageiros de pé, muita gente e total silêncio . O cansaço era visível, ali estavam trabalhadores, estudantes e pessoas diversas que voltavam para o lar. Em cada passageiro um pensamento, em cada cabeça uma historia. Vinha eu do Liceu de Artes, estava descansado, observava cada um, não diretamente, mas ficava a imaginar quem seriam e o que os atormentava ou alegrava. Destoando do grupo, havia na minha direita um casal que não demonstrava cansaço, estavam em pé e se abraçavam e beijavam com disposição de adolescentes, demonstravam imenso amor. Deveriam ter por volta de 40 anos de idade e as alianças indicavam que eram casados. Sem olhar para eles, percebia seus movimentos e me admirei de ver um amor tão duradouro, certamente já deveriam ter se casado há muitos anos, calculei pelo menos uns quinze. Lembrei então do ditado popular que diz que o amor no casamento não ultrapassa os cinco anos e que daí em diante as circunstancias é que dominam. Vendo o belo exemplo, comecei a analisar o meu casamento, certo é que vivo bem mas no compromisso e respeito mútuo, porem romance... romance mesmo já há muito tinha desaparecido. O que ficou é um gostar diferente, um jeito de querer bem, a atração quase magnética, aquela de atropelar o juízo e forçar a atender uma emergência da natureza essa é que faltava. O casal ali próximo mostrava que eu tinha errado em algum lugar pelo caminho. O trem balançava levemente como se ninasse os passageiros e um barulho agudo vindo das rodas ao passar na junta dos trilhos se transformava em um som quase imperceptível, quase como se fosse um sininho. Agora o quadro era assim, pessoas quietas pensando em seus problemas, cheiro de suor e de perfume barato, o trem dando leves tremores, as rodas avisando sobre as emendas, o casal se apertando e eu pensando em meu casamento, procurando perceber onde poderia ter agido melhor. O trem se aproxima da estação de Franco da Rocha, há uma movimentação, os passageiros que vão descer se agitam, pegam seus pacotes, dirigem-se às portas, o casal se beija ardentemente e a mulher desce. O homem fica olhando pela janela, acenam um para o outro e em seguida ele mergulha em seus pensamentos e desce na estação seguinte, Francisco Morato. Compreendi tudo, eram amantes. De um momento para outro meus pensamentos mudaram de direção. Me acomodei de novo no banco e lá foi o trem, balanço do vagão, barulho das rodas, cheiro de suor, cheiro de perfume barato, cada um com seus problemas e eu analisando meu casamento e tentando esclarecer uma dúvida . Será que meu casamento vai bem, ou também estou levando uns cornos?

danilos
Enviado por danilos em 09/03/2013
Código do texto: T4179943
Classificação de conteúdo: seguro