Amor diferente

Não fui criada tendo bichos em casa, e confesso que não entendia muito bem, esse amor por bicho de estimação. Ficava impressionada com a dedicação e paixão que minha sogra tinha por seus bichos. Eram muitos: cachorros, gatos e passarinhos, todos vivendo na harmonia que era possível...

E mesmo já tendo algumas cadelas, não recusou mais uma deixada no portão, tão pequenina e indefesa. Tinha um pêlo brilhoso e preto, o rabo havia sido cortado e ainda mantinha o esparadrapo. Minha sogra ligou e contou-me a novidade: “Tem uma filhote aqui, traz as meninas para conhecê-la.”

Minhas filhas já tinham a sua preferida, a Pretinha, mas mesmo assim ficaram felizes. Fiquei empolgada também, e acabei dando a sugestão do nome. Ela era linda, e me lembrou uma personagem de desenho animado, Janna. E assim começou uma relação de amor diferente pra mim. Ela cresceu muito rápido e se tornou a líder do bando, minha sogra tinha uma verdadeira e especial paixão por ela. Pedindo sempre que cuidassem muito bem dela na sua ausência. E infelizmente, esse dia chegou...

E nossa maneira de homenagear alguém tão especial e querida foi cuidar de sua companheira, e Janna veio morar conosco, já tinha seus 4 anos, com seus olhos tristes por sua perda... Começamos um relacionamento tímido, com poucas demonstrações de afeto, uma experiência nova pra mim, cuidar, respeitar e ser fazer respeitada por um animal. No início, era meu marido que mais cuidava dela, pois já tinha desde pequeno esse convívio, que para mim e minhas filhas era totalmente novo. E fui tentando, com muito jeito, fazê-la sentir-se melhor. Dando novidades em sua vidinha, levando para passear, brincando e fazendo companhia, nem me dava conta, que na verdade era ela que estava enchendo minha vida de novidade e paixão.

Era tão educada e limpa, tinha seus medos e traumas e isso foi sendo superado dentro do possível... Comecei a perceber nela, um cuidado por mim, que antes não entendia. Quando eu viajava, ela ficava na varanda me esperando com seus olhinhos tristes, sem comer direito...

E assim foi durante 8 anos, sua companhia nos encheu de alegria, nos fez ver como o animal pode ser tão “racional” quando necessário. Ainda choro quando me lembro de sua partida tão difícil e dolorosa. Mas ela me ensinou, o que todos deveriam saber, que o amor que sentimos por um animal de estimação, não é menor, nem maior que outros amores.

É simplesmente um amor diferente...

Rose Benicio
Enviado por Rose Benicio em 09/03/2013
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