ONDE ESTÃO OS EX-MISERÁVEIS DA EX-PRESIDENTE DILMA? ("Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar." — Provérbio Chinês)

Em uma manhã aparentemente comum em sala de aula, vivenciei um episódio que me levou a profundas reflexões sobre educação, política social e o significado da palavra "miserável". Como professor do ensino médio, ao repreender alguns alunos indisciplinados chamando-os de "Miseráveis da Dilma", fui surpreendido por uma ameaça de processo , feita por uma aluna.

A expressão utilizada por mim, longe de seu sentido pejorativo, refletia uma triste constatação sobre a pobreza intelectual que parecia perpetuar-se, apesar das políticas sociais. O termo reverberava em múltiplos sentidos: eu mesmo, como professor da rede pública, recebia um salário que mal correspondia à magnitude de minha responsabilidade. Era, como diria Raul Seixas, um "carpinteiro do mundo" lutando contra o "desmatamento" - uma metáfora para a degradação do ensino.

O contexto político da época trazia promessas ambiciosas. A então presidente Dilma Rousseff anunciara que o programa Brasil Carinhoso, extensão do Bolsa Família, reduziria o número de miseráveis para 2,5 milhões de pessoas até 2014. O governo definia como miserável quem sobrevivia com até R$ 70 mensais per capita.

Muitos de meus alunos, beneficiários desses programas sociais, frequentavam a escola como contrapartida para receber o auxílio - uma exigência louvável, não fosse o descompromisso com o aprendizado. O paradoxo se estabelecia: por que se ofendiam com o termo "Miseráveis da Dilma" quando eram, por definição governamental, beneficiários de programas de combate à miséria?

A realidade mostrou-se mais cruel que as promessas: a pobreza extrema aumentou 11%, atingindo 14,8 milhões de pessoas. Como afirmou a própria Dilma: "cerca de 18 milhões de pessoas continuariam na miséria, se não fosse o programa de transferência de renda". Era a confirmação de que "os miseráveis sempre tereis convosco".

Como servidor público, reconheço meu papel como extensão dessas políticas governamentais. Contudo, questiono: até quando manteremos esse ciclo de dependência? Por que aqueles que denunciam e processam parecem mais interessados em compensações financeiras do que em verdadeira transformação social?

Esta reflexão sobre minha experiência em sala de aula revela uma verdade incômoda: talvez sejamos todos, em alguma medida, "miseráveis" - seja pela condição financeira, pela pobreza intelectual ou pela dependência a um sistema que perpetua, em vez de solucionar, nossas carências mais profundas.

Com base na narrativa do professor, são propostas as seguintes questões para estimular a reflexão e o debate em sala de aula:

Qual a relação entre a escolha das palavras do professor e a forma como os alunos reagiram?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre o poder da linguagem e como as palavras podem ferir ou construir.

Como as políticas sociais mencionadas no texto se relacionam com a realidade vivenciada pelos alunos e pelo professor?

A pergunta direciona os alunos a analisar criticamente a efetividade das políticas públicas e seus impactos na vida das pessoas.

Quais os desafios enfrentados pelos professores na educação pública brasileira?

Essa questão leva os alunos a considerar as dificuldades enfrentadas pelos professores no dia a dia e a importância da valorização da profissão.

O que o texto revela sobre a complexidade da pobreza e suas diversas dimensões?

A pergunta incentiva os alunos a pensar sobre a pobreza não apenas como uma questão econômica, mas também social, cultural e psicológica.

Como podemos construir uma educação mais justa e inclusiva para todos os alunos?

Essa questão abre espaço para uma discussão mais ampla sobre o papel da educação na transformação social e na construção de uma sociedade mais igualitária.

Observações:

Abordagem interdisciplinar: As questões incentivam os alunos a relacionar os conceitos sociológicos com conhecimentos de outras áreas, como política, economia e psicologia.

Crítica e reflexão: As perguntas estimulam os alunos a pensar criticamente sobre as informações apresentadas no texto e a construir suas próprias opiniões sobre o tema.

Diálogo e debate: As questões podem ser utilizadas como ponto de partida para debates em sala de aula, promovendo o respeito às diferentes perspectivas e a construção de um conhecimento coletivo.

Ao trabalhar com essas questões, é importante que o professor crie um ambiente seguro e acolhedor para que os alunos possam expressar suas ideias e opiniões de forma livre e respeitosa.