Crônica do próximo encontro 2° parte

Crônica do próximo encontro 2° parte

O dia já estava escuro havia algumas horas, mas a noite ainda parecia estar intacta, como se estivesse sido guardada... Como se fosse o cenário de uma peça que nunca fosse acabar. Em seu caminho pela multidão a música o guiaria tanto quanto as estrelas. Não havia um destino definido, mas quando parasse em algum lugar certamente não se sentiria perdido. Tudo isso era muito lógico, sinapses realizadas em frações de segundo, o objetivo era claro e nada o faria ficar confuso... Chuvas torrenciais ou o trânsito impoluto. Os passos seriam firmes naquele anoitecer absoluto.

Antes de destravar a porta, puxar a maçaneta e descer do carro, os seus olhos já a tinham encontrado. Ele realmente não procurava, não buscava notar ninguém, apenas se guardava nas lembranças que as melodias o faziam encontrar. Mas de súbito, como uma mágica que ninguém consegue saber o truque, num lance tão rápido quanto o piscar da luz, sua mente já estava imantada com a visão daquela a quem levaria todos os seus passos.

Era ela, não havia dúvidas, a amada de todo o sempre, a mulher do mais puro eu te amo. Ela estava de costas, caminhando sem pressa, ainda decifrando as linhas de seus passos. Usava uma blusa verde que parecia refletir os mais belos jardins.

Os pensamentos de seguir um ponto de chegada foram desfeitos. Em vez de encontra-la apenas por voz para dizer o lugar aonde o seu abraço a aguardaria, poderia dar os passos mais longos possíveis, segurar em suas mãos e ver o sorriso tão belo quanto o céu amanhecido, antecipando a eternidade do momento mais querido de todo o dia.

Desceu do carro, os olhos mantiveram-se fixos, acompanhando cada movimento da sua amada... E em passadas incontidas...

Agora, aqui, para continuar, faltam palavras...

Escrevi em terceira pessoa porque quando se trata de encontrá-la, de caminhar ou correr para abraçá-la, é como transcender todo aprendizado e transformar cada pensamento em vontade de amar. É mais ou menos como se você fosse se tornar sobre humano, ir muito além dos limites dos sentidos, ser alguém diferente, acima de qualquer "eu", acima do céu, de qualquer distância, de qualquer tempo.

Em passadas incontidas atravessei toda a distância...

Segurei em suas mãos, olhei em seus olhos, sorri, e disse sem usar palavras a minha maior verdade: Eu te amo.

*A crônica foi inspirada no encontro que marquei com a minha noiva no último reveillon.