Refém
Se eu não sonhar, sonharão meus sonhos.
Se eu não agir, continuarei a planejar em vão, terei apenas em mãos meus planos ao invés de concretizações e realizações.
Se eu não gritar dando voz às minhas dores, o peito vai congestionar, e na garganta sentirei o nó ser dado, lentamente, enquanto que nos meus lábios uma lágrima decida morrer.
Se não decidir me levantar por conta própria, continuarei no chão gélido à espera de alguém que estenda suas mãos marcadas.
Se eu parar, que caminhar terei?
Que história escreverei, se Deus traça meus caminhos de acordo com minhas escolhas e passos?
Que vida viverei, se tendo está nada faço pelo receio de errar?
Se eu não for por mim, quem mais será?
Ninguém!
Se eu der ouvidos a todos, esquecerei de me ouvir, calarei meu peito.
Viverei uma vida, que não é minha, em prol dos outros e do que lhes convém.
Eu sou conhecedor da minha história, e das minhas dores testemunha fiel.
Sou réu e juiz de minhas próprias ações.
Culpado, por não sentir culpa em querer viver intensamente minha vida.
Inocente de toda e qualquer subjeção da minha essência.
Refém de mim mesmo, da vida e do amor.