Refém

Se eu não sonhar, sonharão meus sonhos.

Se eu não agir, continuarei a planejar em vão, terei apenas em mãos meus planos ao invés de concretizações e realizações.

Se eu não gritar dando voz às minhas dores, o peito vai congestionar, e na garganta sentirei o nó ser dado, lentamente, enquanto que nos meus lábios uma lágrima decida morrer.

Se não decidir me levantar por conta própria, continuarei no chão gélido à espera de alguém que estenda suas mãos marcadas.

Se eu parar, que caminhar terei?

Que história escreverei, se Deus traça meus caminhos de acordo com minhas escolhas e passos?

Que vida viverei, se tendo está nada faço pelo receio de errar?

Se eu não for por mim, quem mais será?

Ninguém!

Se eu der ouvidos a todos, esquecerei de me ouvir, calarei meu peito.

Viverei uma vida, que não é minha, em prol dos outros e do que lhes convém.

Eu sou conhecedor da minha história, e das minhas dores testemunha fiel.

Sou réu e juiz de minhas próprias ações.

Culpado, por não sentir culpa em querer viver intensamente minha vida.

Inocente de toda e qualquer subjeção da minha essência.

Refém de mim mesmo, da vida e do amor.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 05/03/2013
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