Lavínia e Angélica
Na novela Páginas da vida, a irmã Lavínia me emocionou. Acompanhei o seu dia-a-dia nos corredores do hospital, e, até onde foi mostrado, na intimidade de sua clausura.
Assustava-me, toda vez que ela era injustamente repreendida ou censurada pela sua Superiora, a inflexível madre Ma...ria.
(Recordando. A perda do amor do doutor Diogo - que partiu - levou Lavínia ao convento.
Mas para vestir o hábito, ela foi forçada a esconder o filho que, no desenrolar da trama, restou provado ser fruto de seu envolvimento amoroso com o médico Diogo, agora seu colega nas enfermarias.)
Letícia Sabatella esteve perfeita no papel de freira.
E Marly Bueno representou bem uma madre Superiora do tempo do ronca. Uma madre, cujo passado assemelhava-se ao de Lavínia, que ela, irmã Ma, não soube enfrentá-lo, com a dignidade e a coragem de sua noviça.
O sofrimento da irmã Lavínia, perseguida, noite e dia, pela sua graduada irmã de votos, me fazia lembrar o que acontecera com a irmã Angélica, da ópera de Puccini.
A ópera, intitulada Sóror Angélica, conta a tragédia dessa freirinha, "forçada por sua poderosa família a tornar-se religiosa depois de dar à luz um filho ilegítimo".
No final, o garoto morre, e irmã Angélica se suicida. Mas quando agonizava, teve um encontro com a Virgem Maria, que lhe prometeu o céu, certamente ao lado do seu bambino.
No seu livro O mundo secreto dos papas-De São Pedro a Bento XVI -, Eric Frattini diz que o papa Pio XII, por causa dessa ópera, não gostava de Puccini.
Achava Sua Santidade, que ela fazia "a apologia ao suicídio".
Pio XII, um Pastor culto e sensato, chegou ao cúmulo de proibir a execução da obra de Puccini no interior da Cidade-Estado do Vaticano, revela Frattini, no seu indiscreto livro.
Pelo que li, nem a poderosa irmã Pascualina, fiel secretária de Pio XII - com mais prestígio no Vaticano, na era Pacelli, do que muitos cardeais -, faria seu amigo Pontífice aceitar (ou perdoar?) o famoso compositor de Sóror Angélica.
Olha, só me arrisco a fazer essas considerações porque, para condenar Puccini, Pio XII não invocou a sua infalibilidade; logo ele, o primeiro papa a se beneficiar desse discutido instituto.
Dir-se-ia, que a história da irmã Lavínia nada tem a ver com a história da irmã Angélica: o papa não machucara a freira-mãe de Giacomo, como o fizera a madre Ma com Lavínia, "em nome da Igreja".
Mas tem. São páginas da vida de duas freiras que, mães solteiras, tiveram que enfrentar, no interior dos seus conventos, as conseqüências de seus atos de amor...
Não tenho como condenar as duas monjas por causa dos seus momentos de felicidade... muito antes de se tornarem religiosas. Tiveram filhos? E daí? Seria justo optarem pelo aborto? Não.
Lavínia, Manoel Carlos premiou com a tranqüilidade das clausuras; Angélica, com o aval da Virgem Maria, ganhou a paz celestial.
E viva Maneco! E viva Puccini"
Na novela Páginas da vida, a irmã Lavínia me emocionou. Acompanhei o seu dia-a-dia nos corredores do hospital, e, até onde foi mostrado, na intimidade de sua clausura.
Assustava-me, toda vez que ela era injustamente repreendida ou censurada pela sua Superiora, a inflexível madre Ma...ria.
(Recordando. A perda do amor do doutor Diogo - que partiu - levou Lavínia ao convento.
Mas para vestir o hábito, ela foi forçada a esconder o filho que, no desenrolar da trama, restou provado ser fruto de seu envolvimento amoroso com o médico Diogo, agora seu colega nas enfermarias.)
Letícia Sabatella esteve perfeita no papel de freira.
E Marly Bueno representou bem uma madre Superiora do tempo do ronca. Uma madre, cujo passado assemelhava-se ao de Lavínia, que ela, irmã Ma, não soube enfrentá-lo, com a dignidade e a coragem de sua noviça.
O sofrimento da irmã Lavínia, perseguida, noite e dia, pela sua graduada irmã de votos, me fazia lembrar o que acontecera com a irmã Angélica, da ópera de Puccini.
A ópera, intitulada Sóror Angélica, conta a tragédia dessa freirinha, "forçada por sua poderosa família a tornar-se religiosa depois de dar à luz um filho ilegítimo".
No final, o garoto morre, e irmã Angélica se suicida. Mas quando agonizava, teve um encontro com a Virgem Maria, que lhe prometeu o céu, certamente ao lado do seu bambino.
No seu livro O mundo secreto dos papas-De São Pedro a Bento XVI -, Eric Frattini diz que o papa Pio XII, por causa dessa ópera, não gostava de Puccini.
Achava Sua Santidade, que ela fazia "a apologia ao suicídio".
Pio XII, um Pastor culto e sensato, chegou ao cúmulo de proibir a execução da obra de Puccini no interior da Cidade-Estado do Vaticano, revela Frattini, no seu indiscreto livro.
Pelo que li, nem a poderosa irmã Pascualina, fiel secretária de Pio XII - com mais prestígio no Vaticano, na era Pacelli, do que muitos cardeais -, faria seu amigo Pontífice aceitar (ou perdoar?) o famoso compositor de Sóror Angélica.
Olha, só me arrisco a fazer essas considerações porque, para condenar Puccini, Pio XII não invocou a sua infalibilidade; logo ele, o primeiro papa a se beneficiar desse discutido instituto.
Dir-se-ia, que a história da irmã Lavínia nada tem a ver com a história da irmã Angélica: o papa não machucara a freira-mãe de Giacomo, como o fizera a madre Ma com Lavínia, "em nome da Igreja".
Mas tem. São páginas da vida de duas freiras que, mães solteiras, tiveram que enfrentar, no interior dos seus conventos, as conseqüências de seus atos de amor...
Não tenho como condenar as duas monjas por causa dos seus momentos de felicidade... muito antes de se tornarem religiosas. Tiveram filhos? E daí? Seria justo optarem pelo aborto? Não.
Lavínia, Manoel Carlos premiou com a tranqüilidade das clausuras; Angélica, com o aval da Virgem Maria, ganhou a paz celestial.
E viva Maneco! E viva Puccini"