COM O CORAÇÃO NA PONTA DA CHUTEIRA

COM O CORAÇÃO NA PONTA DA CHUTEIRA

05/03/13

Uma das vantagens de termos algumas décadas de vida, não sei se das poucas ou das muitas vantagens, é de termos um arquivo bem suprido de informações gerais. Já estamos cansados de ver ídolos dos esportes e principalmente do futebol que não duram o tempo que se leva para encher a bola de futebol com uma bomba manual. Nasci em uma época em que se jogava futebol pela camisa que se vestia. Era pela honra de se vencer o adversário que víamos os jogadores se digladiando em campo, o dinheiro que se pagava era semelhante ao que ganhava a grande maioria da população. Aí, de repente o futebol virou mina de ouro. Criaram-se regras, entidades, profissões e todo um universo que gravita pelo futebol. Maior prova disto não há do que vermos a quantidades de canais de TV paga que existem dedicadas ao esporte. O tempo da mídia, toda ela, dedicada ao futebol é algo assombroso. A verba e a duração de propagandas envolvendo o esporte Bretão é algo astronômico comparado aos PIB’s de vários países. Faz-se propagandas envolvendo futebol do papel higiênico ao cano d’água, da papinha do bebe a comida de gato, do prédio de luxo aos 15 segundos dedicados aos políticos que prometem um salário mínimo igual ao dos grandes craques do futebol.

Mas como tudo que é grande ele tem um extremo no bem e o outro extremo no mal. Quando o sucesso tem por sinônimo o dinheiro e é medido por dólares e euros o bem ou o mal têm a mesma finalidade e por isso se equiparam. Daí as verdadeiras ditaduras que coabitam o mundo esportivo em suas entidades reguladoras ou melhor controladoras.

Atualmente estamos presenciando mais um assassinato com tons de crueldade semelhantes aos maiores já vividos nas páginas policiais de nossos jornais, estão matando um craque, estão matando o Neymar. O que impressiona são as estratégias usadas, coisa de Maquiável com toques de Arquimedes. Na formula utilizada entram: a falta de cultura, o despreparo, a vaidade, o orgulho exacerbado, o oportunismo e toda uma conjuntura de projeções de frustrações e carências vividas por um povo acostumado ao engodo do circo e do pão, atentem que eu disse pão e não bolsa família.

A morte do craque é um misto de assassinato com suicídio, é um autoextermínio onde o culpado não aparece só se vê a vítima. Pelé tem razão e da sua forma, pois ele é um produto do meio que já teve seus episódios de “autoextermínio” e sobreviveu, mandou sua mensagem para o Neymar, "pare de pintar os cabelos, não caia tanto,..."

Neymar é hora de se recolher, peça para ficar no banco. Vá a mídia e diga que irá se concentrar para a copa de 2014. Pare de ser notícia, vire Ganso.

Geraldo Cerqueira