A CRIANÇA MORREU OU SOBREVIVE?

Uma vez eramos crianças. Curiosos por natureza, queríamos apalpar o mundo, só olhar não bastava, o toque era essencial e cativante. Crescemos, ficou as imagens de criança, o retorno é impossível, só nascendo de novo. Como os nossos sentimentos eram puros e sem pretensões, apenas gostávamos de correr pra pegar o outro no jogo, íamos atrás das pipas olhando para os céus, rodávamos o peão, era fascínio puro por tudo. Na escola, lugar da bagunça, que santa bagunça! Mas a brincadeira acabou, ficamos sérios demais, não temos mais a paciência que tínhamos quando iriam contar as estórias pra nós. Com os olhos arregalados, o tempo não parecia existir, as perguntas eram vastas e as dúvidas aumentavam. Algumas estórias não me lembro mais, maldição do tempo, quando a memória se torna adulta, é a nossa tragédia e nostalgia. O sorriso da criança é imaculado que contagia e nos deixa intrigados, porque os nossos, dos adultos, é cheios de cinismos, pretensões assustadoras, mentiras disfarçadas de "puras" verdades. Ainda adultos, temos chances para que a criança sobreviva em nós, nossa salvação. Podemos ser salvos, basta corrermos atrás das pipas, ouvir boas estorinhas, cativar as brincadeirinhas, rodar os peões. Vamos bagunçar de verdade!