Projeto 666
Prologo
Meus cabelos negros se balançavam com o soprar do vento frio, meus olhos se encontravam fechados desde o ultimo momento cujo nem me recordo. Lembro-me de sentir as bordas de minha blusa de malha preta se arrancar de meu corpo e os gritos que surgiam meio ao barulho ensurdecedor que foram causados por meu impacto.
-Isso não é possível. Ouvi alguém murmurar bem baixo enquanto a nuvem de poeira que se formava a minha volta se desfazia.
-Ele parecia ser tão jovem. Uma mulher dessa vez, falava com voz de lamuria enquanto gritos de socorro eram ouvidos a distância.
Meus olhos se abriram devagar e eu me encontrava com o joelho esquerdo ao chão enquanto me apoiava sobre o pé direito, minha mão formava um punho marcando o concreto e minha cabeça permanecia abaixada. Levantei-a aos poucos em meio a um sorriso, a destruição que causei atingia um raio de pouco mais de trinta metros, podiam-se ver os carros de ponta a cabeça que foram parar do outro lado da Avenida Sayfield esquina com a Quatro.
Capítulo 1
Meus pés pareciam flamejar quando dei o primeiro passo em direção aos pedestres. Completamente desamparado e sem rumo, minha cabeça estava em outro mundo, era como se eu odiasse todas as pessoas daquele maldito lugar, não que isso me importasse na verdade.
-Ele é um demônio. A voz ecoou no ar e meus olhos foram em direção à pessoa, um homem vestido com um manto preto parecido com um cardeal do século XIII.
-Ele caiu de um dos prédios mais altos de N.Y e não morreu cara.
-Eu vi, ele não é normal.
-Isso foi irado.
Os comentários eram diferentes a cada momento, e eu já não aguentava tanto falatório.
-Cale essa maldita boca eu não consigo ouvir meus pensamentos. Silencio foi o que tomou conta do ambiente por pelo menos uns vinte metros a minha volta.
-Mate a todos. Uma voz sussurrou em meus ouvidos.
-Mantenha a calma. Dizia a outra vozinha insuportável em meus pensamentos.
Mantive a calma, mas o êxtase do momento me fez acelerar a ponto de não conseguir medir forças e acabei por tropeçar entre as pernas, perdendo assim o all-star esquerdo o que me fez amassar um ônibus que vinha em sentido contrario a pista que seguia.
-Que merda é essa? Não sabia o que estava acontecendo comigo, não me lembrava de ser assim antes.
O semáforo de uma das avenidas principais na qual eu me encontrava agora saltou do vermelho para o verde, um taxi veio a minha frente e seguido de uma quantidade absurda de outros carros. Havia então três alternativas: se eu tentasse me desviar pela esquerda eu seria pego por um caminhão de lixo a toda velocidade, oque resultaria em mais outras três possibilidades. Primeira: Ou eu seria atropelado e sairia ileso, fazendo com que o caminhão de lixo tombasse por cima de mim causando assim um acidente enorme. Segunda: Eu seria lançado a uma distancia absurda pelo caminhão sofreria danos grave ou morreria. E Terceira: Eu seria atropelado, lançado longe, morto e causaria o acidente mais feio da historia de N.Y.
Se eu fosse pela direita daria de frente com um ônibus do grupo das lideres de torcida dos Busters. Daí outras três possibilidades. Primeira: Eu seria machucado gravemente e as gatas lá de dentro cuidariam de um cara como eu quase nu e vivo depois da colisão. Segunda: Eu frearia o ônibus e todas elas viriam correndo me ver, beijar e abraçar, por novamente eu estar quase nu e ser extremamente forte, por parar um veículo em movimento com as próprias mãos. E terceira: Eu acabaria fazendo burrada e todas elas com o impacto atravessariam o teto, portas e janelas do ônibus fazendo assim os carros em movimento atropelarem as donzelas espatifadas pela avenida.
-É claro que não Chris!- murmurei comigo entre dentes. Como eu poderia fazer tudo isso sem saber como terminaria. E é claro que o caminhão nesse caso seria o mais provável. Então fui pela opção mais fácil, o taxi!
- Cara! Eu vou ter que tentar! Desde o começo eu havia sentido uma força descomunal em mim, como se tivesse a força de um exército em meu corpo, então...
-... Ao infinito e além!
Eu lembrei de que aquele astronauta do filme animado toy story sempre tentou voar, e como ele eu me lancei ao ar e acabei por saltar no que pareceram uns quatro metros e meio de altura, oque me foi suficiente para sair ileso do transito rápido e movimentado. Mas não pude deixar de notar que os pedestres me olhavam como se fosse uma aberração, um garotinho que ficou de boca aberta soltou o balão vermelho que sua mãe comprara de um vendedor da esquina, deixando que voasse pelo céu da grande N.Y.
Lembro-me que sem rumo eu me dirigi para um beco não muito longe dali, deixando para trás as horrendas feridas no chão com o som de sirenes dos carros de policia sendo substituídos logo em seguida pelas sirenes das ambulâncias locais. Eu realmente havia me tornado algo diferente, não sabia como, onde e nem quando isso havia acontecido. Restava agora descobrir as respostas de onde vim, mas enquanto isso não acontece, permanecerei aqui no meu refugio, nos esgotos da cidade, no meu exilio.