MISSÃO CUMPRIDA.
Estava tomando minha cervejinha num boteco de Campinas na manhã do sábado passado.
Estava um dia bonito, clima gostoso, perfeito para encerramento de uma semana dura mais extremamente proveitosa.
Junto comigo, dois novos amigos com os quais trocávamos aquelas confidências que brotam depois do terceiro ou quarto copo.
Confidências que são mescla de desabafo, contestação e contemplação da vida. Vai entender.
Adoro estes momentos que acontecem com desconhecidos que, passados alguns minutos, tornam-se amigos fortes e, passados mais outros minutos, nunca mais serão vistos.
O clima do boteco serve para sacramentar o que for dito com o código de sigilo total: pode-se falar o que quiser, como quiser e de quem quiser que o assunto morrerá ali, afogado talvez naquela cerveja gelada que nos dava tanto prazer.
Foi quando o vimos se aproximando da gente.
Passos relutantes, mas nem por isso menos convictos e determinados a abraçar seu objetivo.
Veio direto à mim, olhou fixamente nos olhos da minha alma e pediu dinheiro pra tomar banho.
Disse que morava na rua e queria muito tomar banho, mas faltam R$ 1,70 para poder pagar por isso.
Nem sabia que havia serviço assim na cidade.
Não tive dúvidas: peguei uma nota de R$ 2 e coloquei nas suas mãos, desejando que tivesse um ótimo banho.
Ele sorriu e pudemos perceber no seu sorriso um mar de gratidão que mal cabia em si.
Estava feliz como nunca, parecia um menino que acabara de ganhar o brinquedo que mais desejava na vida.
Talvez tenha sido exatamente isso que tenha acontecido.
Foi embora, deixando em nós a sensação de que havia feito alguém feliz nessa vida.
Pedimos outra cerveja e tomamos com prazer especial.
Prazer especial de missão cumprida.
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