O DISCURSO VAZIO.

Ontem falei que não assisto integralmente sermões na Igreja Católica, e para meu conforto em fragmentar a missa, Bento XVI já advertiu que o problema das homilias não se restringe ao Brasil, dizia que “uma prova de que a fé católica é proveniente de Deus é o fato de ela sobreviver todos os domingos a centenas de milhares de homilias INSSOSSAS E INSÍPIDAS.” Caixa alta nossa, entrevista do Padre Gianpaolo Salvini, em páginas amarelas da Revista Veja, fls 18, desta semana.

A oratória, o discurso, a palavra, devem envolver sedução, pelo menos para os mais informados, mais cultos, que leem ao menos jornais e revistas. E não é assim, sabemos todos com maior ilustração. E isso varia na proporção da educação do auditório.

Sem agravo ou censura, este espaço é bom exemplo, textos baixos em qualidade, infantilidades, desinformação, têm aceitação. Por quê? Comunicação, necessidade de todos, o veículo, a língua, ou o conteúdo, não importam. É humano, mas traz desqualificação.

Já vi “escritores” com centenas de acessos, entre solecismos, mazelas e primariedades, pior, que se pretendem científicas, deitarem a falar absurdos, como segregação de Bento XVI, em ergástulo, imagine-se.

Não há precedente, com especificidade em tamanha tolice por inexistente em tradição ou vigência canônica, uma renúncia branca a de Bento XVI.

Poucos conhecem a tumultuada história da igreja, do Papa Alexandre, da família Borgia, Rodrigo Borgia, de seu estratégico filho Cezar Borgia, e tantos outros, como o primeiro João XXIII, um Papa que enriqueceu como pirata, Cardeal Cossa, nem padre tendo sido, deposto e depois de cumprida pena de três anos, feito cardeal de novo e enterrado em Florença com pompas tumular no Batistério, com portas de ouro feitas pelo notável Ghiberti, no Duomo famoso, deixando o nome João XXII disponível em razão da deposição, escolha feita pelo Papa João XXIII, um Papa santo que convocou o Concílio Vaticano II.

Nem mesmo o silêncio obsequioso se impõe, nada há nesse sentido, nem seu anel será destruído, irá para os Museus do Vaticano, nem haverá nenhuma restrição de fala, ao revés, o Papa Bento XVI, que formalmente escolheu seu título como Papa vivo, por ele decidido e detrminado, será ouvido, e já está sendo pelos canais da tradição.

O discurso vazio, INSSOSSO E INSÍPIDO, errático e despreparado, esse sim, deve ficar mudo.

Na Europa, hoje mais comprometido o nível, diante da invasão clandestina, não se via ninguém em praças sem um livro na mão, e por isso não se faz o discurso do “nada”. Esse o grande problema da humanidade, a comunicação do que não se sabe, o mínimo.

E nesta porção territorial do planeta, Europa, com a maior lapidação cultural do mundo em número, até por ser a mais antiga, berço dos maiores movimentos artísticos e ideológicos, as igrejas estão vazias. As igrejas que vendem prosperidade no Brasil e a desfaçatez das curas, foram de lá escorraçadas quando quiseram comprar espaços.Lá não fincam pilares.

Mas é na Europa que estão os grandes símbolos do catolicismo, os templos maravilhosos românicos e góticos, indestrutíveis, hoje com milhares de turistas em suas portas, o que não acontecia faz trinta anos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/03/2013
Reeditado em 03/03/2013
Código do texto: T4169227
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