O HOMEM QUE RESPEITAVA AS MULHERES

O HOMEM QUE RESPEITAVA AS MULHERES.

Danilos

Nos anos 60 começaram a questionar o crime de “Lavagem da honra”, pois se um homem flagrava a mulher em adultério, a matava pala lavar a honra , a justiça tinha isso como atenuante e o criminoso acabava solto. Nos anos 70 já não era aceita essa prática, mas a mulher era de propriedade do homem, era um objeto. As restrições à liberdade feminina eram muito grandes e muitos dramas aconteciam em decorrência disso. Nessa época eu tinha um cliente um tanto estranho, era já bem maduro, quase idoso, viúvo, sem filhos, sem amigos, muito reservado e bem educado. Uma coisa me chamava a atenção, percebi que estava sempre acompanhado de belas e jovens mulheres e mesmo nessas circunstancias seu semblante era o mesmo, de muita seriedade. Consegui romper essa barreira e fui entender o maior “come quieto” que já conheci ou ouvi falar. Sua técnica era simples, saia pela rua, parava em ponto de ônibus, ou na feira e quando via uma mulher que interessava encostava e se explicava. Eu era jovem, solteiro, esportista e solitário, não entendia, como um coroa, pobre e fora de esquadro podia ter sempre belas mulheres. Um dia tocamos no assunto e então ele me perguntou se eu esperava uma mulher me dar confiança para tentar conquistá-la ou se escolhia. Respondi o óbvio, “se já é difícil até aquela que dá bola imagine outra que não teve interesse” . Ele falou então que eu me expunha para ser escolhido e nunca me dava o direito de escolher. Saímos na porta do escritório e ele me testou; apontou a dona de uma loja em frente , jovem senhora, muito bonita e formosa de corpo e me perguntou se eu já havia saído com ela. Respondi que ele deveria ser louco ou não conhecia a tal mulher, expliquei que era uma mulher de família, muito comportada e caseira. Ele se virou para mim e de forma acusadora disse : È seu segundo erro, você respeita os homens, mas não respeita as mulheres”. Então continuou explicando que o comportamento da tal mulher da loja era o criado pela sociedade machista, mas que esse comportamento era contrário à sua natureza. “ “Mulheres tem muitas necessidades como carinho, sexo e principalmente compreensão e se comportam de forma a atender uma necessidade masculina a de dominador, vou continuar respeitando as mulheres, você escolhe o seu lado “ disse ele fechando a conversa. Mudei para Jarinu, cidade pequena, conservadora e nesses 30 anos de convivência assisti a muitos dramas passionais, sempre com apoio no machismo ou nos seus resíduos. Mesmo com os avanços sociais das mulheres, um dos comportamentos danosos dos homens é o de fazer sexo para atender necessidades sociais e não sexuais. È caracterizado por praticar sexo para depois trair a confiança contando para terceiros com o objetivo de afirmar a masculinidade. Olhando com imparcialidade todas as necessidades devem ser atendidas, a diferença é que uma é natural e a outra ocasional, temporária e pessoal. Podemos afirmar que se o movimento feminino libertou as mulheres, falta um movimento para libertar os homens. O machismo que se apoderava das mulheres é o mesmo que condiciona ainda os homens. Uma observação só para encerrar; nada de extremismo, nem machão, nem gay, apenas homem.