REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS

Conversava com uma amiga e ela quis saber como

eu me iniciara na poesia, pois segundo a própria quem lê

habitualmente alguém, quem conhece e admira a obra de

um autor, tem curiosidade sobre como ele articula seu pen-

samento e voltei no tempo.

Tinha eu 17 anos de idade. E bebia nessa época, cer-

veja; tinha um bar em Fortaleza, chamado RITZ, na Rua Gui-

lherme Rocha e lá se juntava a elite dos poetas da época, \

principalmente os repentistas. Pessoas de renome, como Ro-

gaciano Leite(autor da letra de Cabelos Cor de Prata, musica-

da e gravada por Sílvio Caldas), poeta, repentista, tocador de

viola, escritor, jornalista famoso, advogado e também um \

bom bebedor de cerveja, Enéas Duarte e muitos outros. Lem-

bro-me mais destes dois. Ficava ouvindo as trovas deles, as

sextilhas, os acrósticos, os poemas com mote.

Eram fabulosos! Um leigo, ou mesmo um poeta, dizia

alguma coisa, um mote, por exemplo, e desafiava um para

fazer. Era rápido. Nunca tinha visto uma rapidez daquela,

para fazer um poema. Alguns tocavam viola, mas não leva-

vam, com o instrumento. Era só no gogó.

Ficava observando e isso despertouem mim, não sei

se dom ou se hábito por ouvir tanto e, acanhadamente, fui

fazendo os meus em casa. Consertava-os aqui e ali. Fui a-

primorando, mas, como já disse, sou tímido, nunca cantava

diante deles, porque achava até um desplante

É o mal do tímido. Considerar-se sempre inferior ao

outro, sem complexo, mas pela fama que intimida. Achava

eu que não seria capaz de fazer aquilo em público. Fui fi-

cando conhecido deles nas rodadas.. Eu era um menino. E-

les já maduros. Um me incentivava, canta Antonio. Dizia,

não sei. E a coisa na minha cabeça não saía como ainda \

hoje não sai. Só escrevendo. Mas fui aprimorando. Fui co-

nhecendo poesia, literatura poética. Li tudo. Castro Alves,

Fagundes Varela, Gonlaçves Dias, Álvares de Azevedo, Ca-

simiro de Abreu, Bocage, Machado de Assis, de quem gosto

mais da prosa. Li todos os românticos e fui aprendendo a

metrificar poeticamente, rima alternada, em sequência...

Bom, mas eu quero comentar sobre o Repente e se \

dom, não sei, criei uma técnica e faço com a maior simpli -

cidade, naturalidade. Entre um copo e outro de cerveja(não

bebo há 29 aos) fui vivendo naquele meio boêmio e fazendo

os meus versos na cabeça. Hoje faço com facilidade. DÊ

UM TEMA...

P.S. : A amiga me deu um tema e os versos que fiz parece que a-

gradaram a todos. A ela sei que agradou.

Antonio Tavares de Lima
Enviado por Antonio Tavares de Lima em 02/03/2013
Reeditado em 19/03/2013
Código do texto: T4168144
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