TRAIÇÃO.

A traição escreveu as mais fortes páginas de dramaturgia da história. Não vamos rastrear suas páginas negras, desde o Império Romano até hoje, passando pela riqueza do Otelo shakespeariano e outros.

Trair é percorrer todas as negatividades de uma personalidade recôndita, caráter esquivo que não se revela. É mãe da mentira e filha da surpresa, vive enegrecida por ter medo da luz que projeta a verdade, seu pai é forte na recusa da solidariedade que não se faz presente na maldição do destino que sonega a provisão do carinho devido.

Não há maior traição que um beijo vendido nas pegadas do interesse, e são muitos, um abraço disfarçado na trama da urdidura, um aperto de mão adrede em ferir no futuro. Quem sofre a traição arrasta a mágoa do gesto na biografia ferida.

Cristo foi o único traído cujo sofrimento permaneceria não como ressentimento, mas como mensagem de amor que jamais seria apagado pela posteridade.

Jesus conhecia seu destino. Findada a derradeira ceia, vai com seus discípulos ao Horto das Oliveiras. Pedro e os discípulos, naquela noite, de modos diferentes, iriam abandonar Jesus. É a traição tácita, após redimida.

Cristo convidou-os para estar com Ele no momento em que ficou tomado de pavor e angústia. Era humano, frágil embora Filho de Deus, sabia as agruras pelas quais passaria e pede aos apóstolos para vigiarem em oração com Ele.

Estamos nas proximidades daqueles dias.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 01/03/2013
Reeditado em 01/03/2013
Código do texto: T4166427
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