Uma Livraria Num Açougue.

Pois é...Lendo um texto que a Prof.Edna do RL me mandou,viajei no tempo e no espaço e lembrei-me de um sonho que tive,lá em Maringá no meu Paraná querido. Eu havia me transportado para uma pequena cidade do norte do Paraná,chamada Jardim Olinda,ou melhor,Olinda*s Garden,junto ao grande rio Paranapanema.E o quê que eu fui fazer lá? Simples...Levar livros e mais livros para a cidade. Foi uma enxurrada de livros vindos de muitos lugares deste Brasil,pois a gente fizera uma campanha:*Não jogue um Livro fora.Presenteie-nos.* E não é que deu certo?!?! E fomos infestando a cidadezinha de livros. Livros no ponto de táxi.Livros no supermercado,logo na entrada. Livros na prefeitura.Livros no hospital. Livros no campinho de futebol!!! Livros nos botecos da cidade.Livros na beira do rio,junto aos pesqueiros. Peixe e Cultura não é uma bela associação? Os dois tem um sabor maravilhoso. E não esquecemos também das charretes. Logo na entrada da cidade tem um Monumento e lá também colocamos livros para os passantes e entrantes. Os Pernilongos junto ao rio são pontuais:às 7 e às 17 horas.Então neste horário livro era proibido de se ler.Nos fins-de-semana,na churrascada de peixe ou carne,havia também livros.Soltos,discretos,como quem não quer nada,sorrateiramente colocados próximos às cervejas.Os transeuntes trocavam idéias sobre o conteúdo dos livros,sobre as histórias e personagens,sobre a época da narrativa e sobre,principalmente,os protagonistas.*O Pequeno Príncipe* fazia sucesso entre a garotada.José de Alencar entre as gurias,além das poesias dos românticos brasileiros.Os mais céticos liam *O Cortiço*de Aluísio de Azevedo e vibravam com as peripécias do Português com sua amante negra.Machado de Assis era para os mais circunspectos.E a *Turma da Mônica*? Festa geral para a gurizada. As moçoilas liam os poemas de Vinicius e escreviam versos mil.Érico Veríssimo trazia a luta aos desbravadores,aos impetuosos sulistas que queriam deixar uma marca indelével do povo mais ao sul do Trópico de Capricórnio.Guimarães Rosa traz o afago aqueles que gostam das letras e ensino.Traz Minas nas suas linhas e mistérios insondáveis nas personagens. Jorge Amado insinua-se pelas veredas do sensual.O calor tropical,o molejo das mulatas,a discriminação disfarçada,o negro tentando um lugar melhor,o senhorio impertinente aliciado pela sedutora mulher de lábios vermelhos,as magias dos terreiros de Candomblé,a Bahia enfim...*Meu Pé de Laranja Lima*fez chorar muitos adultos e senhoras.E Monteiro Lobato? Quem se esquece de Narizinho? Do Saci-Pererê? Do Visconde de Sabugosa? Da Anastácia? Da Vô? Pois é...Todo este Universo estava ali,pronto para ser absorvido,sem muitas delongas. Mas,eis,senão quando,chega um caminhão enorme e retira tudo,tudo da cidade por ordem do governador. A população estupefacta indaga:*Por quê?* Qual foi a resposta? *CULTURA NÃO PODE, senão a Globo vai perder audiência nas novelas idiotas,pois novela é prá Idiotar o povo.* E caí da cama de tanto susto e realidade. *Que saco! Nem no sonho a Global não dá folga!* PLIN-PLIN !

Chico Chicão
Enviado por Chico Chicão em 01/03/2013
Reeditado em 01/03/2013
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