Filosofia do amor

   A palavra amor talvez seja a mais pronunciada, cantada, pensada, sentida, declamada, representada, sob as mais diversas formas por nós, os humanos. O amor é o tema preferido dos poetas, dos compositores de canções, dos roteiristas de filmes, dos autores de novelas, dos escritores de romances. Também está presente nos momentos de afeto dos mais diversos tipos de relacionamentos. A todo momento, em algum lugar, há sempre alguém dizendo “Eu te amo”. Mas, afinal, o que é o amor?
  Embora foneticamente seja um dos mais simples vocábulos, sua complexidade é tão grande que não há como defini-lo em uma única frase.
O amor nasceu com a humanidade. E morrerá com ela, se é que um dia o Homem desaparecerá da face da Terra.
  O amor tem sido objeto de estudos das mais diversas áreas do conhecimento. Ele é estudado pela Teologia, pela Antropologia, pela Astrologia, pela Sociologia, pela Psicologia e até pelas Ciências Bioquímicas e Biológicas. Entretanto, nenhum outro saber poderá esclarecer tanto a respeito do amor quanto a Filosofia.
   Ainda assim, para compreender o estado de amor, não basta ler e tentar entender teorias filosóficas. É preciso experimentar o amor. E, mesmo que experimentemos o amor, não conseguiremos encontrar para ele um conceito único.  Como também não chegaremos nunca a uma fórmula de amar. Não existe amar certo ou amar errado. Na verdade, o ato de amar não é único. Ninguém ama de um jeito só. O amor compreende várias faces e todas as faces do amor podem estar presentes numa única pessoa.
   Com base no livro Os seis caminhos do amor, do filósofo contemporâneo Alexey Dodsworth, existem seis faces do amor: agape – amor altruísta; pathos - amor paixão; philia - amor amizade; ludus - amor jogador; pragma – amor conveniente; eros – amor sensual. Essa classificação é o resultado de uma pesquisa elaborada pelo psicólogo norte-americano, John Lee, que, por sua vez, baseou-se no estudo da civilização grega: “para os gregos não fazia o menor sentido se referir a todas as formas de amar por meio de uma única palavra.”
   Pode parecer difícil compreender que uma pessoa possa apresentar várias faces do amor, mas não é. Se nos observarmos a nós mesmos iremos encontrá-las em nossas experiências amorosas. Quem nunca se apaixonou e foi capaz de fazer algumas loucuras por sua paixão (phatos)? Durante os primeiros tempos do relacionamento havia sedução, entusiasmo, tesão (ludus e eros)? Com o passar do tempo o fogo foi diminuindo, a relação foi ficando morna, foi surgindo uma sensação de segurança e de tranquilidade (pragma)? Você e seu amor são parceiros, companheiros, amigos de verdade (philia)? Você foi capaz de fazer sacrifícios por seu amor, abriu mão de seus próprios sonhos para sonhar os dele (agape)? Há pessoas que apresentam duas ou mais faces em maior ou menor grau, mas a verdade é que sempre há uma dominante num determinado período da relação. Eu poderia afirmar com certeza que hoje sou mais pragma e philia. Não quer dizer que ludus e eros não saiam da gaveta de vez em quando para animar um pouco o clima.
   Até aqui estamos falando do amor entre um homem e uma mulher, mas é evidente que existem outras relações : familiares, parentais, homossexuais, de amizade. E também outras formas de amor: pelos animais, pela natureza, pela humanidade. Ainda assim o amor pode se apresentar evidenciando mais uma ou outra face. Com exceção do amor eros que é exclusivamente sexual, os outros podem manifestar-se em outros tipos de relação.
   Alexey também salienta em seu livro que a questão cultural é um fator determinante na manifestação das faces do amor. Ele esclarece, por exemplo, que nós ocidentais temos uma tendência a desenvolver mais as faces pathos, ludus e eros. Já a cultura oriental caracteriza-se pelas faces pragma e philia. É comum em muitas sociedades que os casamentos sejam arranjados de acordo com as conveniências sociais e religiosas. No ocidente, principalmente no Brasil, de um modo geral, as pessoas se apaixonam primeiro e depois pensam em casamento. Exatamente o contrário de alguns países islâmicos: primeiro se casam, depois vem o amor.
   Mas existem muitos outros fatores que podem ditar o comportamento do amor: a idade, as condições biológicas, os hábitos de vida, o clima, etc. É evidente que entres os jovens, por exemplo, eros esteja mais aflorado, enquanto nas pessoas mais velhas pragma ou agape demonstre maior força.
   A verdade é que o amor é inerente ao ser humano, e que pode levá-lo à felicidade ou não, mas não existe vida humana sem amor. O amor independe da raça, da riqueza ou da pobreza, da sabedoria ou da ignorância. Ele não  pede para existir. Ele simplesmente existe.   
   Há muito ainda para se falar sobre o amor. Esse é, com certeza, um assunto com inúmeras possibilidades e abordagens. Entretanto, encerro aqui esse texto, ilustrando-o com um trechinho do livro:
 
   “Para os gregos, o amor é como a cor para um artista. É possível chamá-lo de vários nomes. Todos esses diferentes termos serão amor e, ao mesmo tempo, nenhum deles sozinho revelará a inteireza desse sentimento.”
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 28/02/2013
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