SUSTOS (I)
SUSTOS NO TRABALHO
O DOBERMANN
Em dezembro de 1994 eu fui trabalhar como Contador numa empresa que estava se instalando no Brasil. Era um grande grupo de alimentos da Oceania. O “bonde” já estava andando há oito meses. A construção da fábrica estava ainda na terraplanagem numa cidade na região central do Estado de São Paulo. Trabalho não faltava e tudo que estava atrasado, queriam pronto para ontem. Eu trabalhava até altas horas da noite e de sábado. E foi num sábado que eu me encontrava sozinho (pensava) no fundo da sala perdido nas guias de importação e tantos outros documentos que nem respirava direito. Parei para respirar melhor e quando levantei a cabeça, vi sentado no chão da porta de entrada e olhando fixamente para mim, nada mais, nada menos que um cão Dobermann negro (enorme).
Suei frio, fiquei arrepiado, imóvel como o cão. Não acreditava, pois a segurança da empresa não usava cães. Como aquele cão estava ali. Atrás de mim a janela estava aberta e dava para o depósito, mas eram mais de 3 metros de altura. Não tinha nada para me defender, apenas uma régua e um estilete. Mas se o cão fosse treinado e eu abrisse o estilete, ele me atacaria. Se ele me atacasse, eu seria obrigado a oferecer meu braço esquerdo para defender meu pescoço e aplicar uma cutelada com a mão direita em seu focinho. Se eu errasse a cutelada, tudo estaria perdido: meu braço, meu pescoço, minha vida. Eu não tinha telefone em minha mesa para pedir socorro. O cão bloqueava a porta e continuava a olhar fixamente para mim. Uma brisa bateu em meu rosto. Percebi que o vento levava o cheiro de meu medo para o depósito. Então era por isso que o cão ainda não tinha atacado. Ele não sentira o cheiro de medo. Alguma coisa tinha que ser feito. Então comecei a orar para São Roque e repetia sempre São Roque, São Roque, São Roque....
Eis que me aparece na porta o meu chefe e passa a mão pela cabeça do cão que depois eu via que era cadela.
- Buenos días, Santo!!!
- S....., leva essa cadela embora, senão daqui a pouco eu cago até minha alma.
- Ela é mansinha, cuida do meu filho.
- Eu e ela estamos “namorando” há uns cinco minutos. Veja como eu estou suado. Venho trabalhar de sábado para adiantar o expediente e tomo um susto desses. Não tenho nem condições de continuar.
“El niño” chegou e em seguida saiu brincando com a cachorra e vim saber na segunda feira que ela só entendia os comandos em espanhol. “Madre de Dios”, que fria!
Sempre que você tiver que passar por um cão e sentir medo, chame por São Roque como fiz e vá em frente.