Pobres universitarios

“Universidade, a porta da frente para a plenitude social e profissional”.

De certo a afirmativa seduz, entretanto também aliena e exclui parâmetros de visão do todo. Vivendo em sociedade somos naturalmente seres políticos, com direitos e, acima de tudo, deveres, impostos pelo folhetim para a harmonia do coletivo. Entretanto, a unificação de um povo perturba a superestrutura que, convictamente, reconhece na unidade popular a perda total de seu poder sobre essa massa e a distribuição de seus privilégios, assim perpetua a ideologia vigente que em si propagandeia o individuo em loco, sua casa, seus amigos, sua família, seu emprego, seus privilégios. O todo e desfeito pela alienação diária e a idéia maciça de uma vida individualizada. Atingido os preceitos da minoria, manipula-se a população de cultura mediana e conformada.

Adentrar a universidade já advém de processos excludentes, na constituição lê-se o direito a educação, complementa-se nas entrelinhas, laica e de qualidade. Entretanto como era de se esperar (difícil aceitar!) o mercado desse serviço desbravou as matas e arrisca extinguir o mogno de direito da sociedade.

Porem, alguns dizem que tudo não passa de um processo natural, vivemos mesmo nesse sistema capitalista, nesse acumulo de mercadorias, nessa coisificacao humana a la Saramago. Todavia ninguém se questiona sobre as inverdades desse processo todo, vivemos um futuro um tanto retrogrado no que concerne a ideologias medievais ainda vigentes, “uns trabalham, uns rezam, uns guerreiam”. Uns continuam a trabalhar achando sincera a dignificacao do homem, pobre pecador. Outros reformulam as orações e perpetuam os anseios da minoria em grandes missas, cultos, celebrados e destorcidos na busca de uma conta pomposa revestida em Deus. E por fim, a nobreza social guerreia entre si no domínio do coletivo para evitar possíveis retaliações.

O papel social da população perpassa por exigências imediatas, resoluções simplórias e grandes acontecimentos, somos o principal papel na construção de uma estrutura isenta de “super”, num abrir de olhos diante das falácias de Bonner, somos a verdadeira maquina que deve manipular e assim, a partir de todos os setores da sociedade, sem exceção, somos capazes de modificar de um indigesto e intencional pré-aborto ate as garras da previdência na população inativa (como se fossemos maquinaria propensa a ferrugens).

Andrea Mota
Enviado por Andrea Mota em 17/03/2007
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