Uma noite de luar


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A noite é caprichosa. Quando é lua cheia, ela mostra o que quer mostrar, do jeito que quer. Mostra sem dar certeza, sugere sem se comprometer. O “sim” da amada pode ser um não, o vulto na rua pode ser seu irmão, mas pode ser também um ladrão. Certezas não há, mas há sugestões sem fim, basta a imaginação funcionar.
Quando não há lua, a incerteza é a certeza. O sim e o não andam juntos sem se mostrar. A escuridão guarda as respostas para o dia seguinte. Tudo pode ser. Nada ainda é. O bem e o mal não querem se comprometer.
Hoje é noite de lua cheia. Lá fora vejo penumbras, coisas que querem ser. Todas são e não são. Da limitada paisagem da minha varanda, vejo vultos de cor prata escura que não posso identificar. Sei que são mas não sei o que são.
Há, no entanto, uma exceção, uma certeza: as rosas brancas. Sob a luz do luar, insistem em se mostrar. Distinguem-se nas sombras e dizem quem são. São a única certeza, definitiva, da linda noite de luar.



Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 27/02/2013
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