DIA DA MULHER
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Mês de março. Mês da mulher. Mergulhei-me nas Águas de Março de Tom Jobim para comemorar o Dia da Mulher. Comemorar o que a mulher é. Quem ela é, em essência, nessa parceria com o mundo masculino. Uma leitura talvez mais profunda, se possível. Um vale a pena ver de novo essa novela da vida real que se desenrola, sem muito evoluir, de convivência homem e mulher. Com perdas e danos, materiais e morais, e sucessivos ganhos de causa em favor do universo masculino. Sim, pois a tradição cultural tem sido predominantemente de interesses machistas. E que comprometem o enredo da novela. Mas, “por mais que em linhas retas caia em cima da terra, caída, mostra a chuva que é feminina, em curvas”. Aí me dá arrego também João Cabral de Melo Neto. Na verdade, conjugam-se assim, na natureza, em fecundidade e em curvas, chuva e mulher. Nas suas dores de parto, mulher é parte fecunda no processo. Coautora, partícipe nas contracenas de amor, suor e lágrimas. Femininamente Maria. Chuva é presença d’água. E água é vida. Tudo a ver.
Ah! É o mistério profundo, é o queira ou não queira. É o tombo da ribanceira. Fim da ladeira. É a chuva chovendo, é conversa ribeira das águas de março, da chuva que cai e, caída, mostra que é feminina. Caminhando e cantando... Pois não é o fim do caminho. Mas é o chão, é pau, nó na madeira; é pedra, é a marcha estradeira, é a construção. Em construção. É a viga, é o vão, é o nó da madeira, é o cume. Festa da cumeeira. É o laço.
Ah! É água, um regato, uma fonte. Um pingo pingando, uma gota, um conto. É o fim da canseira. Não, mulher não se cansa. É a mulher forte acordando antes da luz da manhã. Um pouco sozinha. Pé no chão. Um pedaço de pão. É o vento ventando. São as águas de março fechando o verão. É o Dia da Mulher chegando. É um belo horizonte. Promessa renovada de vida no coração.
Ah! É um arremedo de poema, colcha de retalhos de retábulos alheios, numa homenagem à Mulher. Feliz Dia da Mulher!