HEROÍSMO. JESUS.
Filho pleno de espírito é o que segue a virtude ensinada pelo pai. A proeza que se expressa na feitura do bem, da caridade, da solidariedade, deve ser repetida, iterada, reiterada, renovada.
Cristo repetiu seus feitos caridosos sem pretensão de ser herói. Seu heroísmo como homem foi morrer por amor. A crítica é o valor pensante mais alto da dogmática, e existem multiplicadas críticas de todos os conceitos. Como tudo que se expressa há a boa e a péssima crítica.
Criticar o heroísmo de proezas da bondade é rastejar na inveja e tripudiar na disputa onde ela não deve surgir. Em todos os núcleos humanos, mesmo religiosos, ninguém que se destaca afasta a inveja; é humano.... Confiram-se os movimentos de grupos, mesmo religiosos, que inclusive se extinguiram. E lamentavelmente a simonia está presente.
O herói aparece por seu heroísmo ainda que não persiga a ufania. E só há herói por terem admiradores de seu heroísmo, embora essa qualificação não seja objeto da vontade daquele que assim é canonizado.
Jesus permaneceu na humildade quando tentado, era o Filho de Deus, resultou perenizado singularmente na memória do tempo sem mostrar sua força, que desnaturaria sua missão. Sua vocação era única, deífica.
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“Mais que herói, um filho pleno de Espírito.
Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança.
Epistola de S. Paulo aos Efésios, cap. 4, vers. 4.
A meditação
O herói que repetisse as mesmas proezas, a crítica surgiria rapidamente: ele não perde ocasião de exibir sua força! Seria para se afastar dessa imagem de herói que Jesus se esquivou de proezas frente ao diabo no deserto? Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Jesus rejeita essa ordem: “Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Lucas, 4,9 e 12).
Por nossa parte, nas missões que recebemos, nossos compromissos e nossa fé, por vezes temos a tentação de querer controlar tudo, de exercer nossa onipotência. Como Jesus, também somos tentados a nos “lançar” ou, melhor dito, brincar com nossa fé como se fôssemos os mestres. Jesus se manteve firme, não sucumbiu à tentação de exibir seu poder divino. O Espírito Santo que o preenche é sua força. Ele lhe confere a perseverança de realizar como humilde servo sua obra de revelação. Esse mesmo Espírito Santo nos foi ofertado no Pentecostes. Ele nos torna uma comunidade habitada pelo sopro divino.
Recebemos um chamado para construir o corpo do Cristo, a comunidade dos filhos de Deus. A tentação não seria se acreditar sozinho, a considerar a própria fé como um bem pessoal que se controla? É o Espírito Santo que nos confere esperanças de enfrentar as tentações. É ele ainda que nos reúne em uma mesma Igreja.
Para caminhar um pouco além com a Palavra
Exorto-vos, pois, - prisioneiro que sou pela causa do Senhor -, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade. Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos.
Epistola de S. Paulo aos Efésios, cap. 4, vers. 1-6.”