A vez dos cardeais

   Com a renúncia e o consequente afastamento de Bento 16 da Cathedra petri, o futuro da Igreja Católica está, mais uma vez, nas mãos dos senhores cardeais.
   Só eles, desde 1179, e por determinação do Papa Alexandre III, gozam da prerrogativa de eleger o Sumo Pontífice.
   Não votam, como se sabe, os cardeais com mais de 80 anos de idade, uma determinação do Papa Paulo VI, posteriormente confirmada por João Paulo II.
   Creio que no Vaticano está tudo pronto, ou quase tudo, para a realização do mais importante Conclave papal dos últimos tempos, antecipado - Motu Proprio - pelo papa que se despede, amanhã, dia 28 de fevereiro de 2013.
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   Uma pessoa, muito minha amiga, e que diz não acreditar nas "coisas da Igreja de Roma", impressionada com a repercussão da renúncia de Bento 16 e com os preparativos para a eleição do seu sucessor, quis saber por que o vermelho é a cor dos cardeais.
     E  bem ao seu estilo, veio com uma gozação:
     "Cardeal que conheço é o galo de campina!"
     Como passarinheiro que sou, batemos um longo e agradável papo sobre o galo de campina; com certeza, um dos pássaros mais elegantes e mais charmosos da nossa fauna.
     Pendurados ao telefone fixo, ficamos um bom tempo falando sobre a beleza e o canto do cabeça vermelho, no sertão do Ceará também chamado de cardeal do nordeste. 
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     Para responder ao amigo - que acha que sei tudo sobre a Igreja Católica -, o que não é verdade,  procurei quem melhor me informasse por que o vermelho é a cor dos senhores cardeais. 
     A resposta fui encontrar no O incrível livro do Vaticano e curiosidades papais, do escritor italiano Nino Bello.
     Diz o Nino: "O vermelho tornou-se a cor dos cardeais há mais de 500 anos, quando o Papa, natural de Veneza, Paulo II, que gostava de magnificência e pompa, foi o primeiro a vestir de vermelho os seus cardeais, num vermelho-escuro, tonalidade entre escarlate e carmesim. 
     Naquela época - prossegue Nino - o papa usava vermelho o tempo todo. Quando Pio V foi eleito papa em 1566, começou a usar o branco como veste típica do papa. 
     Os cardeais usam vermelho desde 1465, e a cor tornou-se símbolo (atenção!) de sua disposição de derramar o sangue pela Fé."
     Dispostos, pois, ao martírio em defesa da fé cristã, o mundo católico - e não católico, também - espera que os chamados Príncipes da Igreja romana - que logo mais estarão reunidos, a portas lacradas, na imponente Capela Sistina -, não decepcionem. Em especial ao Divino Espírito Santo que, segundo se alardeia, preside a eleição dos papas.
     E aquele cardeal que for eleito o novo pontífice, na hora de dizer Accepto, ou seja, na hora de dizer "Aceito", se não se achar capaz de chefiar a Igreja, com suas virtudes e defeitos, que faça como São Carlos Borromeu (1538-84): escolhido papa, recusou o cargo.
     

      
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 27/02/2013
Reeditado em 27/02/2013
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