Crime Passional

Coração veio na boca, e minha respiração estava mais uma vez ofegante.

Não consegui entender o que estava acontecendo comigo, mais uma vez. Não estava enxergando muito bem as coisas, as pessoas, os sentimentos. Não estava sentindo o “combinado”, quando o combinado, era na verdade, não sentir nada. Mas como não sentir nada por alguém que te oferta amor de uma forma tão despretensiosa? Apenas doa, com medo, receios, e acredito até que um pouco de insegurança, mas ainda assim doa. Sem medidas. Se doa, se entrega, se oferta a um sentimento ainda desconhecido, em construção, em fase de aceitação.

Por que a gente leva um tempo até acreditar que estamos de fato apaixonados por alguém, e que esse alguém é a pessoa certa pra gente, ou a gente pra ela. Levamos um tempo pra perceber que estamos sendo pegos de surpresa por esse misto de sentimentos avassaladores e arrebatadores. Levamos tempo pra descobrir que aquela é, talvez, a pessoa certa. E digo “talvez” porque acredito que, talvez, nós nunca tenhamos certeza de fato. Cada dia é um novo dia, uma nova oportunidade de se provar para as circunstâncias e dificuldades que aquela pessoa pode até ser a errada, mas que vale a pena lutar por ela, ainda assim. Cada dia é um novo começo, uma nova linha a ser prescrita na página que preenche, por fim, a história das nossas vidas. E a certeza vai sendo adquirida em meio a tudo isso, em meio a esse mix de coisas que são, que foram e que serão. Em meio a esse mix de sentimentos, emoções e precipitações, ilusões.

Levamos tempo para perceber que não se trata mais só de amizade, e o amigo colorido passou a ser o teu novo amor. Levamos tempo para confessar, não para a pessoa, mas para nós mesmos que ela é o motivo da nossa insônia e das noites mal dormidas, ela é o primeiro e último pensamento que invade nossa mente e nos faz perder a noção do sonhar acordado. Coloca nossa vida em risco e nós gostamos disso, deixa tudo uma bagunça, nos vira e revira do avesso, nos deixa instáveis estavelmente, nos balança, nos faz sentir calafrios por toda espinha, nos faz chorar saudades, nos faz cantar sentimentos. Levamos tempo para acreditar que nessa história de amor, nós somos as vítimas, enquanto ele é o assassino em série que nos atinge com um golpe em cheio, na altura do peito. Somos alvejados, atingidos à queima roupa, sem nenhuma abordagem ou chance para reação. Não há redenção! Não há atalhos! E nenhuma anunciação, não há preparo. A atração é fatal.

O crime é passional, e você se entrega assumindo a total responsabilidade das atrocidades que só o coração entende e consegue explicar

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 27/02/2013
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