HEROÍSMO. AMIZADE.
O amigo é aquele em quem se confia irrestritamente. E ninguém mais que Jesus de Nazaré é confiável. Por quê? Por nada ter pedido, só prometido. E não houve imposição, somente ensinamento que se põe com o maior de todos os bens, liberdade de escolha.
Seria essa a razão de como Homem ter permanecido mais que qualquer outro na memória do tempo sem ter escrito um só vocábulo? Alguém, com profundidade, presta atenção neste singelo e significativo fato, nada ter escrito e ser o Homem sobre quem mais se escreveu?
Se nada tivesse de divino, bastaria tanto para ser diverso de qualquer homem nascido do ventre de mulher.
Quem configura a própria eternidade por integrá-la no todo, sem espaços a serem preenchidos, é imutável. O heroísmo não envelhece, envelhece o homem, permanece o gesto, torna-se imagem de um amor pelo qual se morreu, como o túmulo vazio de Cristo, a maior expressão de vida.
A imortalidade não morre, impossível extinguir-se a eternidade. Cristo se tornou vida, se fez carne para amar o amor maior da humanidade e desenhar a dor do amor como ressureição.
A confiança faz caminhar A amizade sincera não traz surpresa. O verdadeiro amor tecido na amizade não esconde sua realidade.
Mais que herói, um amigo fiel.
Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.
Epistola de S. Paulo aos Hebreus, cap. 13, vers. 8.
A meditação
Próprio dos heróis: jamais envelhecem. Se seus poderes diminuíssem com a
idade, nós os desprezaríamos. Ao contrário, o que mais gostamos em nossos
melhores amigos é que eles envelhecem conosco. Pode-se então rememorar
nosso passado comum. E tudo o que vivemos com eles faz crescer a confiança que lhes atribuímos no futuro.
Veja a amizade de Pedro e Jesus. Ela começa por um chamado na margem do lago
Tiberíades. Depois se forja ao longo de caminhadas através da Galileia e da Judeia. A confiança de Jesus em Pedro vai mesmo até o anúncio de sua partida na transfiguração.
Esta amizade jamais poderia ser destruída nem pela negação de Pedro na Paixão de Cristo.
Mas ela ressuscitou. Pois a fidelidade de Jesus atravessa até as traições: “Simão, filho de João, amas-me? – Sim, Senhor, tu sabes que te amo” (João, 21,16).
Por sua ressurreição, Cristo está na eternidade do Pai. Sua fidelidade não é efêmera, mas se mantém ao longo de cada uma de nossas vidas até o fim dos tempos. A todo o momento, Cristo concretiza a promessa que o Pai nos fez. No entanto, não é o herói distante e fora do tempo que nos fala: Ele próprio nos chama de amigos. Quem se confiaria a um velho amigo com um discurso raso e convencional? É com toda a solidez de nossas experiências e a inquebrantável confiança que Jesus nos consente poder lhe devolver essas palavras: “Tu sabes que te amo”.