O Segundo Parto
Quando chegar a hora, a reação ao corte do cordão prateado é a revolta. Pois quando o teórico se faz em prática, não tem choro ou colo, tudo ali é agora e diante do fato do segundo parto, o ancião vira criança e chora; o sem fé busca explicações sem a baliza do cérebro que em dualidade protegia a mente, e é nessa hora que o descrente vira crente de que tudo continua...
Passado a revolta, o viajante sem veículo tenta ver algum sentido naquilo que se descortina, desesperado, ele se agarra em qualquer coisa que lhe sirva de muleta naquela realidade desoladora e é nesse momento que gente vira porta e pessoa vira parede, qualquer coisa que lhe possa servir de corpo, e sendo porta ou parede, o viajante não compreende que... se ele precisa ser qualquer coisa que ele seja consciente dos novos sentidos que se apresentam para lembrá-lo...que ele já esteve presente nesse tempo outro até então ausente que não o tempo da Terra. E ciente disso, a verdade se manifesta e ele se lembrará com festa de que nunca esteve sozinho, pois alguém lhe espera.
E quem lhe espera é a memória prometida da terra esquecida além dessa. E de volta a casa, ele vai perceber que toda essa jornada de negação e revolta poderia ter sido contornada se ele tivesse apenas se adaptado à vida e suas reviravoltas.
Pois é na adaptação na vida e nas coisas não-repetidas que o Divino vela e se manifesta.