QUANDO O PINTO PARA DE PIAR

QUANDO O PINTO PARA DE PIAR

26/02/13

Não se inquietem, estou falando simplesmente do reino animal, mais especificadamente das aves do tipo gallinaceus. Ela é uma fonte inesgotável de saber para quem a observa. Primeiramente a sua morfologia nos remete há tempos pré-históricos, pela sua miniaturizada aparência com os dinossauros. Há muito crio meia dúzia de sete ou oito galinhas que já estão na 5ª geração, é interessante observa-las e ver que logo ao chocar ela é extremamente cuidadosa com sua cria, se arrepia a qualquer aproximação, prioriza a alimentação dos rebentos e os aninha ao cair da tarde. Com o passar dos dias começa a se distanciar deles dando corda e vigiando de longe. Chega o dia em que decide que já é tempo de deixá-los ter vida própria, e aí simplesmente termina com qualquer resquício de parentela e os torna como qualquer um, disputando com ele o poleiro e a alimentação com bicadas capazes de ferir e até mesmo de exterminá-los.

Já o pintainho, o filho da galinha e do galo, por sua vez tem seu amadurecimento em fases distintas. Primeiro luta para se libertar do ovo que o preparou por 21 dias, e é a bicadas que rompe a casca que lhe protege. Nas primeiras horas se aquece sob o corpo da galinha e seca a plumagem amarelada. Raramente os vemos fora do ninho onde permanecem ocultos, protegidos e aquecidos. Aí surge o mais corajoso, impossível que eu diga se o mais velho, que sai do ninho e começa a se aventurar pelas proximidades, e depois os outros, um de cada vez até que todos.

Aí vêm as penas em substituição a fina plumagem, e um cotoco de rabo começa a aparecer. É pelo rabo que conhecemos as galinhas e os galos e assim será até que a evolução(?) da espécie não descubra o silicone, a mais “ inatural” das invenções, boa de ver mas péssima de segurar. Voltando ao rabo, vemos que a princípio o rabo da galinha é mais destacado e com o passar dos tempos ele ganha penas. Já o rabo do galo é menos proeminente e vai tomando forma lentamente até ganhar plumas. É nesta hora que o pinto para de piar e começa a procurar dominar seu território, primeiramente enfrentando seus irmãos de ninhada e depois de algum tempo e de rapidamente ter ganhado massa emite seu primeiro canto, nada mais que um piado desafinado. Mais algum tempo e como a imitar a maioria das letras das músicas atuais solta um sonoro “UhUHuhUUUU”. A partir desde momento acabam-se os limites, ele passa a enfrentar o galo velho e se exibir com o peito estufado. O galo velho a princípio, por puro instinto natural o enfrenta, até que um dia, pela sabedoria que vem com a idade, ele galo velho se retira das brigas preferindo cuidar das galinhas avisando-as com um cantar apropriado a existência de alimento, seguindo a frente do caminho por onde vão como se abrindo passagem para elas.

Geraldo Cerqueira