O sujeito-imediatista e uma nova caverna.

O sujeito-imediatista e uma nova caverna.

A fartura de informação e a ociosidade criada pela fertilidade de tal, criaram sujeitos-imediatistas. A exegese jamais será alcançada e a total compreensão ficará na superficialidade, na qual, o senso comum passa a ser científico, com citações que confirmam/confirmarão o mundo vasto das estantes. As estantes repletas, a pesquisa rasa e uma espécie de sujeito-imediatista fragmentando informações e propagando retalhos de cientificismo.

Não há novo, há uma repetição, na qual, forma-se a passividade e a inoperância intelectual. Não se produz mais seres pensantes, não se procura libertar o homem, tampouco, aponta-se o caminho para o mesmo buscar a saída da sua “caverna”. É cômodo fabricar sujeitos-imediatistas e condicioná-los para responder apenas o que lhe é imposto. Não estamos muito distantes da caixa de Skinner; humanos sendo testados para responder a estímulos que não vão além da passividade.

Sócrates falou que uma vida sem reflexão, não vale a pena ser vivida; vivemos tempos instantâneos, mas... As informações, com a rapidez, passam a ser fragmentadas. Percebe-se então que vivemos tempos idiossincráticos, no qual, jamais se vai além da figura estática apresentada. Somos o reflexo de quem nos manipula.

Não querem fazer seres pensantes, seres contraditórios, reflexivos (...), porém, querem resultados imediatos, resultados que não desequilibrem a ordem estabelecida. Que ordem é essa? O louco, no medievo, era tratado como doente – controle social – mas, aquele que busca a exegese também é controlado. Libertar-se dos liames do imediatismo e querer a profundidade da compreensão, incomoda; aponta-se o dedo e rechaça.

Em, o “Mito da caverna”, Platão nos mostra que o ignorante é manipulado, que tudo não passa de sombras projetadas. Não querem que ninguém saia dessa caverna, que seja ofuscado pela luz do conhecimento, que se liberte de amarras, que conheça a verdadeira realidade; é o controle social que tanto apregoou Michael Foucault (Controlar a mente é a melhor maneira de se controlar o social).

O sujeito-imediatista age conforme as ordens que recebe, não opina e propaga o conteúdo parco e parvo que lhe é imposto. Assim, formam-se ignorantes com discursos deturpados e viciados.

Vivemos tempo de prisões, de grades e amarras que manipulam conhecimento, estagnam a cultura e propiciam o alastramento da superficialidade. Fabricam-se pré-conceitos, pré-juízos, movimentam a roda de acordo com a ordem estabelecida. Aqueles que deveriam abrir os cadeados da ignorância são os mesmos que perenizam o instantâneo, o imediato. Ensinam a responder o mundo com uma resposta pronta e decorada e, assim, “qualquer pessoa, independentemente de sua natureza, pode ser treinada para ser qualquer coisa” (John B. Watson); a ordem, enfim, é perenizada.

Mário Paternostro