EMERGENTES
Sempre, enquanto eu viver e Deus permitir, ele que é o senhor de todas as coisas me provendo, se for do seu agrado, continuarei agindo como sempre agi em relação aos necessitados que batem a minha porta, ninguem vai embora de mãos vazias.
A despeito dos governantes legalmente constituídos dizerem o tempo todo que nunca antes nesse País o povo foi tão abastado, tantas pessoas sairam da linha de pobreza e tem um feijãozinho na mesa, um franguinho na panela, um carrinho na garagem, estão viajando de avião, já que o pobrezinho também tem direito de viajar de avião, tanta gente tem batido na minha porta em busca de um adjutório.
Tenho certeza do que falo, sou muito ligado nessa questão de ajudar o próximo e no meu coração ainda acho que faço pouco, estou ligado naqueles que batem a minha porta, todo dia vem um menino pedir um real para o pãozinho, uma senhora com carrinho de bebê, carregando ainda um menino de uns sete anos, cujo marido já esta desempregado e ela precisa de uma ajudinha para inteirar alguma coisa, um gás, uma conta de luz ou de água, sempre tem que completar alguma coisa.
Tem um que diz sempre "aqui é aquele rapaz da fratura exposta", é o jeito dele se fazer lembrar por nós que o ajudamos, tem ainda um senhor que toda semana passa pedindo um litro de óleo, talvez ele só tenha coisas para fritar, senão não come. Tem também, gente que saiu da prisão e precisa de dinheiro para voltar para sua terra, roubou ou sei lá o que fez aqui em São Paulo e foi preso aqui, agora quer voltar para casa.
Tem gente jovem, tem gente de idade, tem gente mal vestida e bem vestida, talvez tenha alguns que pedem dinheiro para sustentar o vício, não sei de onde eles saem, só sei que tem coragem de vir bater na nossa porta e pedir, então, não sairão de mãos abanando daqui.
Quando estamos nas ruas do centro fazendo algum trabalho, tudo se repete: Moço, pode me pagar um pastel que estou com fome ? Senhor, faz vários dias que não como, pode me dar um dinheiro para eu comprar um pão ? Outro com a criança no colo, por favor, pode me ajudar a voltar para passargada, e de lá que eu vim pequenininho e agora eu quero voltar e não tenho dinheiro.
Por onde você andar nesse Brasil de nosso Deus, você encontra um emergente da recém criada classe de 28 milhões de brasileiros que podem comer um feijãozinho e viajar de avião, precisando da nossa ajuda para pegar um onibus, comer um pastel, pagar uma conta de luz ou água, comprar um litro de leite ou de óleo; não é fácil de viver nesse País de emergentes, deve ser dificil pagar a prestação do carrinho novo, da geladeira, da tv de led, do seguro do carrinho, daquele trambolho que está abandonado na garagem esperando a financeira vir buscar. Só pode ser isso, não tem outra explicação, fabricamos novos necessitados, um exército de novos necessitados, nem podemos chamar de pobres, pois pobreza não é falta de dinheiro, pobreza é falta de vergonha na cara, falta de caráter.
Quem governa tem que pensar bem antes de falar bobagem e deixar de ser pobre, pois temos governantes, homem públicos em que a pobreza se instalou, não conseguem mais achar o caráter e a vergonha na cara, deixam o seu povo na miséria, desamparado e sem um gato para puxar pelo rabo, é preciso analisar com clareza para definir o que é pobreza.