VIOLAÇÃO DA VONTADE. INSINCERIDADE.

“Mais que um herói, um Deus que se empenha.”

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As obrigações são bilaterais, sinalagmáticas.

A todo dever (obrigação) corresponde um direito.Toda obrigação cumprida gera um direito.

E não há heroísmo no cumprimento da obrigação. As condutas obrigacionais decorrem de ajustes, convenções, e mesmo imaterialmente, a Lei Moral rege todas as leis, mesmo religiosas, e as leis se fazem para serem cumpridas, é o que é equânime, moral e conforme o direito.

São assim os contratos, fontes e nascedouros das obrigações. Os contratos firmados diante de Deus, pactos com o divino ser, seu Filho feito Homem, Jesus de Nazaré, que fundou a Igreja, devem fixar imperativamente seus editos e cânones, como os homens inscreveram no Direito Canônico. Somente para exemplificar.

Por isso são imperdoáveis as manchas féleas que estigmatizam os votos clericais violentados que causam repulsa a Bento XVI. Todo compromisso tem o selo de devoção fundado na vontade. O compromisso falaz nasce de ato volitivo contaminado de insinceridade e por isso natimorto.

Ninguém perde a liberdade por assumir e honrar compromisso, ao revés, ganha prestígio pela libertação da vontade compromissada que se mostrou sincera, da mesma forma que ninguém depende de si mesmo já que faz parte de um todo chamado sociedade. Quando se viola um compromisso, uma obrigação, desrespeita-se o direito, e mínimo seja, somado a tantos outros desrespeitados, eiva-se o tecido social em sua integridade.

Toda obrigação violada deve obter resposta enérgica e pronta, colocar-se em virtual estado de defesa, ideia genesíaca da ação, de forma a retornar ao estado hígido a relação descumprida. É assim também no âmbito religioso, institucional e pessoal. O procedimento de defesa traz a normalidade para o conceito de vontade franca e limpa.

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"A meditação.

O convento, a oração matinal é muito cedo para o meu gosto. Equivale a

dizer, tantas vezes, Deus tem que ouvir minha queixa quando o despertador toca. É o reverso da medalha: cada compromisso tem seu quinhão de obrigações. É preciso, pois, tomar a decisão DE PERDER UM PEDAÇO DE SUA LIBERDADE a cada compromisso que se assume?

Quando não se tem compromisso somos senhores do que fazemos e não temos que ouvir os outros. DEPENDEMOS APENAS DE NÓS. Os filhos de Israel, presos em situação de escravidão, se lamentam. Reconhecem a si mesmos dependentes de Deus. Diziam que o futuro deles não podia ser escrito sem Ele. Fiel à aliança com os filhos de Israel, Deus se empenha em libertá-los.

O cego de Jericó também vivia uma situação de dependência. Ele se entregava àqueles que se dispunham a guiá-lo. Ouvindo Jesus passar, o cego ousa chamá-lo. Ao contrário do herói que manteria vaidosamente seu poder, Jesus se coloca em situação de servidor. A esse cego, filho de Israel, ele pergunta: “O que queres que te faça? – Que eu veja, Senhor!”

(Lucas, 16,41).

O primeiro de nossos empenhos não seria reconhecer que toda a vida humana depende daquele que nos dá? Reconhecer-se dependente de Deus, e não apenas das próprias forças, nos faria ganhar a liberdade que Ele se empenha em nos dar. E todos os nossos empenhos seriam então frutos desta liberdade.”

Caixa alta nossa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 25/02/2013
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4159001
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