"Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior." (Belchior)
 
 
 
Estava aqui procurando um endereço de agência de atendimento do INSS aqui no Rio e perto de casa, e a procura estava já me causando impaciência, tão difícil chegar ao alcance da dita, um endereço bem pertinho, já que há milhares pelo Brasil todo, e já estou quase desistindo, pois uma tarefa tão simples  e difícil para um escritor que vive nas nuvens e só gosta mesmo é de escrever.
Entrou no meio do INSS a CX. Econômica, e novas normas que sairão no Diário Oficial, e.... e..... enfim,não me interessa saber mais nada, eu só quero saber se estou viva!
E aí me dá vontade de chorar por não ter um filho ou filha, ou um marido, ou um qualquer estafermo (existe esta palavra ou é do tempo do onça?)  que auxilie e que esta questão seja simplificada aos olhos da cultura atual e veloz, que na verdade mostra é que de cultura não resta nada nas cabeças pensantes e atuantes entre os computadores e máquinas inteligentes, cabeças que não usam mais o cérebro, precisam só de dedos ágeis que solicitam a informação e a resposta vem logo.
Ain... a paciência chega ao fim,  e já é a segunda vez que  me perguntam se estou viva. Perguntar não ofende, mas irrita a quem tem de bom a própria lucidez. A braveza começa a virar raiva que , rapidamente, se transforma em sensibilidade feminina por um fio, que vai se transformando em anseio por um peito forte masculino, amoroso, pensante e que resolve todas as paradas. Todas as investidas no computador vão perdendo força, estou quase desistindo, pô!, mas o caso é que minha conta foi bloqueada, disse-me uma máquina do Bradesco no sábado, e passei o fim de semana sem nada.
Mas o título deste texto foi o remédio bom que me restituiu a calma e o humor e que apareceu invadindo a minha busca de endereços: "eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior"! Ah, Belchior, você me salvou e cai no riso!
Oposto do riso, eu estava vendo e ouvindo o Chico Buarque ontem à noite tocando seu violão, cantando e contando sua vida desde a infância, lindo, e lindo ainda, mas daqui a pouco alguém vai lhe perguntar se ainda está vivo... e amo tanto o Chico...