DITOS POPULARES

Diz-se pro aí que o que os "outros falam à nosso respeito não importa". Mentira deslavada e demonstraçao clara de desconhecimento de si próprio. O que todos procuramos é o reconhecimento e ainda que tenhamos hábitos de um eremita, vamos buscar na lembrança momentos em que uma de nossas ações, pelo menos, tenha sido alvo da atenção e do comentário de alguém, ainda que essa ação possa não ser algo, propriamente, publicável, por assim dizer. O fato incontestável é que damos importância ao que falam a nosso respeito porque somos sociáveis por excelência embora possamos preferir uma vida mais discreta e isolada existimos em função do que se movimenta à nossa volta e reagimos ao que se expressa, ao que nos parece racional, às respostas que enxergamos estar recebendo como resultando de cada ação que promovemos.

O nosso mundo interior é constituído de referências externas e essas passam, invariavelmente, por registros de pessoas referindo-se à nós ou a alguma ação que praticamos e isso tanto é verdade que, via de regra, aquele que se isola o faz, no primeiro momento, movido pela expectativa de não desejar ser motivo de observação e em o fazendo, repercute que tanto importou-se com o que foi manifestado que decidiu-se pelo isolamento. Nesse exílio, envolto em lembranças, os momentos seguintes vão terminar por reclamar do exilado comunicação e ele poderá até escolher um coco e elegê-lo "amigo" como faz o personangem do filme O Náufrago e, certamente, poderá falar para "alguém" o que bem entenda e não receber por conta disso crítica, especialmente, ou qualquer reação. Seguramente que não haja nenhum ser neste mundo que não tenha tido, em algum momento, vontade de dizer a "alguém" tudo o que passe pela cabeça e nem por isso, conhecer a força da reação. No entanto, acabará o exilado por necessitar de respostas; de um espelho que seja, através do qual possa encontrar um "alvo" para as suas idéias e pensamentos, para quem expressar os seus sentimentos e isso será apenas um lenitivo. A solidão desse exilio terá seu momento de contestação e se tornará entediante e absolutamente insuportável até que o retorno ao convívio social será tão necessário quanto o ar que se respira. Em estando novamente de volta aos seus pares, há de querer saber o que se pensou da sua "ausência" e há se desejar ouvir até mesmo o que o levou a partir, como se música para os seus ouvidos.

Portanto, "falem mal mas falem de mim", nesse contexto, soa-me mais aceito e conceitualmente correto que esse primeiro.

Leandro JP Sousa
Enviado por Leandro JP Sousa em 24/02/2013
Código do texto: T4156660
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