Pais ILÓGICOS e Filhos TECNOLÓGICOS

Pais ILÓGICOS e Filhos TECNOLÓGICOS

23/02/13

Sempre disse que o poder não está no dinheiro e sim no saber. Lembro-me que quando terminou meu casamento e fui morar sozinho uma das dificuldades que enfrentei foram as programações dos aparelhos eletrônicos. Primeiro não tinha vivência dos controles remotos ou dos aparelhos celulares, a não ser o trivial simples: “Power” “volume” e canais, estações, agenda telefônica, etc. Depois não dominava as linguagens e os menus e submenus. Quem fazia isso era o Sergio meu filho do meio que sempre gostou da eletrônica e hoje faz dela sua profissão, ou o Marcelo o mais novo dos filhos que quando o fazia discorria sobre a profundidade do feito como é habitual das pessoas voltadas a publicidade. E com menos intensidade, mas sempre disposta a mostrar suas capacidades e caso achasse que não as tivesse (eu sempre soube de sua inteligência pois era filha de peixe) estudava sem parar até dominá-las, ainda que por pura teimosia, como é natural aos advogados que mesmo buscando a conciliação sempre procuram sobrepujar ao outro. Com isso aprendi que era ignorante. Mas deixando as reminiscências de lado e voltando ao presente, o que vejo agora e como uma enorme alteração nos valores da humanidade e, especificamente, nas relações pais e filhos está centrada no saber.

Eu como filho tinha minhas referências nos conhecimentos dos meus pais ou dos mais velhos. Eu como Pai e como grande parte das pessoas da minha faixa etária, sou ironizado pela minha ignorância face ao saber de nossos filhos. Este saber sem dúvida começou com a era da eletrônica que hoje se ampliou imensamente pela internet que possibilita o saber imediato e sem esforço e com todos os enfoques possíveis sobre qualquer assunto. É a geração “i” “i” “i”, i-pod,i-ped,i-phone. Na minha época conversávamos com as pessoas, hoje conversamos com a televisão, “liga”, “canal 43”, “mais cor”, aumenta o volume”, desliga!

Eu que me preparei para a “libertação feminina” e por isso cuidei de saber cozinhar e agora que fui surpreendido pela ausência da faxineira vítima de uma pedra na vesícula que precisou ser extirpada cirurgicamente, vi que sei lavar pratos, roupas e que consigo passar uma camisa e varrer uma casa, mas agora vejo que tenho que aprender a “aprender” com meus filhos e para minha geração isto é difícil vivemos o período da repressão onde para nós um pingo era letra, época em que palmada na bunda era instrumento educativo, e que antiguidade era posto, época em que nosso grande saber era o de que ninguém gostava mais de nós do que nossos pais, fossem como fossem.

Mas minha esperança é o tempo, pois quando eu for avô meus filhos serão pais e aí eles terão grandes lições da vida.

Geraldo Cerqueira