Velhas histórias

No período em que se aposentou, meu pai, um espírito inquieto que não sabia ficar parado, e quando ficava aparentemente neste estado luzes vermelhas sinalizando perigo eram ou deveriam ser acesas, dedicou-se a escrever sobre Bom Jardim, sua cidade natal, onde suas estrepolias eram conhecidas.

Estudante de direito, morando em Niterói, quando na pequena cidade, certa feita, debochou dela, dizendo jocosamente que andaria nu na rua, durante a noite, e ninguém iria tomar conhecimento do fato; não o veriam.

Deu aposta. Os amigos duvidaram e esperaram anoitecer. Por volta das onze horas, Jorge Sader desfilava nu nas ruas de Bom Jardim. Alguém comunicou o fato ao delegado, que o prendeu e expulsou da cidade. No dia seguinte, em companhia do seu irmão de leite Francisco, o Chico, negro retinto, bem-humorado, contador de histórias e valente quando tomava umas cachaças, os dois davam 'bananas' para a população, do trem que os trazia para Niterói.

De outra feita, sabedor pelos amigos e moradores do perigo que uma caixa d'água na estação ferroviária apresentava, resolveu o problema com o seu companheiro, amigo e irmão Chico. Parece que Antonio José Monnerat Netto teria participado também, não me recordo. Prepararam o atentado com gasolina nos pilares da caixa, e durante a noite ela veio abaixo. Outra expulsão...

O livro que queria publicar ficou inacabado, e o texto era muito pequeno. Lamparina de Orátório Velho, que resolvi juntar alguns contos e crônicas de minha autoria e publicar usando o seu título.

É um livro sem pretensões, simples, de leitura fácil, mas não por isso uma mediocridade impressa.