Eu te prefiro sempre (só que agora sóbria, chata e a milhas de distância daqui).
Você não tem nada de espetacular, mas creio que está um pouco melhor que eu. Acho que deve conseguir se sustentar e conviver com o peso de suas mentiras e de nossas existências medíocres.
A gente sabe que vai acabar atolando em toda esta porcaria, eu me deixo afogar, mas você não, você quer dar braçadas tentar seguir em meio a tudo isso.
Sai, vai ao teatro, ou vá trepar com algum projeto de Gainsbourg. Só some daqui e leva essa falsa desesperança do mundo junto contigo, pois você acredita no mundo e em toda a falsa felicidade que ele nos proporciona com todos seus excessos vazios.
Eu não tenho esse tempo pra teorizar um futuro, pois há uma porra de um tumor na minha cabeça que faz um eterno tic-tac me lembrando que daqui a pouco pode ser a hora de uma nova partida. Eu já me despedi de todos aqueles que finjo amar de uma maneira bem discreta, não me importo mais com todas as minhas derrotas e comemoro micro pontos de felicidade enquanto assisto a mancha de umidade que cresce no teto do meu quarto.
Você é melhor que isso, arranje um homem-salário, regue seu jardim e morra tranquilamente, mas aqui as coisas não rolam dessa forma quando se corta se sangra e antes da morte se agoniza.