O AMOR. DEDICO A MARIA LUIZA,
DEDICO A MARIA LUIZA, DIANTE DE SEU COMENTÁRIO EM MINHA CRÔNICA "A ORAÇÃO".
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O amor que dedicamos aos filhos e netos é incondicional, não tem barreiras, não conhece freios, alcança espaços que nenhum amor alcança por se doar integralmente, a nada pode ser comparado. Assim, entende que o retorno é o mesmo. Não é. Isso não significa que a ausência de retorno na mesma proporção seja falta de amor, mas amor dividido. Por quê? Porque o amor tem medidas.E o que se divide carece da força inicial.
Compreendi isso e guardo o exemplo ensinado por meu pai quando era menino. Não me lembro quando e onde ele emitiu esses sábios conceitos. Nossas gerações eram distantes, nasci ele tinha quarenta e um anos, mas quando menino estava sempre muito com ele.
Disse então: quando nascemos gigantes se aproximam de nosso berço, vemos ainda de forma difícil, são sombras ainda não totalmente definidas, desconhecidas. Mas elas estão sempre presentes. Aos poucos vamos vendo e sentindo que elas significam calor, suprimento de nossa fome, aconchego quando choramos. São nossos pais, em algum tempo passamos a entender essa relação de amor.
Crescemos, dividimos esse amor com quem amamos e vamos constituir família, e amamos demais esse novo ser com quem casamos. Mas surgem os frutos desse amor, dividimos mais uma vez nosso amor em gênero, ele agora está depositado em nosso filhos.
Continuamos amando nossos pais, e também a pessoa com quem casamos, MAS O AMOR MAIOR, INCONDICIONAL E IMEDIATO É DOS FILHOS, E TAMBÉM DOS NETOS.
Pela ordem natural de chegada à vida e o seu desfecho pela morte avaliamos essa compreensão, pois a perda de pais deixa saudades, e nunca serão esquecidos, mas a de um filho é chaga aberta que a saudade alimenta.
Com as devidas restrições interpretativas, um afastamento maior ou menor dos filhos não significa falta de amor, mas a chegada de outros amores, e o que divide perde a primeira força para se diluir em várias forças. É isso que ocorre Maria Luiza, creio eu que meu pai estava certo.