Poder Judiciário informal

Foi durante a apresentação de um seminário, tendo passado minha vez de falar, que comecei a divagar sobre vários assuntos. Não é nova a ideia de que nos portamos diariamente como juízes. É geral demais afirmar que a maioria age assim, então nos limitemos a grande maioria. Como membros do poder judiciário, tecemos comentários sobre pessoas e situações descontroladamente. Considero hipocrisia quem fala estar apenas "comentando". Falácia. Julga-se e aconselha-se com assustadora frequência como se julgamentos e conselhos estivessem sendo requeridos. Como mais uma julgadora que efetivamente sou, cheguei a uma triste conclusão. Nunca tinha pensado parado para pensar no quão sortudos são os juízes que atuam nos tribunais. Suas soluções para conflitos, sendo justas ou injustas, ainda são mais justos que os nossos mesquinhos julgamentos diários. Enquanto eles julgam baseados no conhecimento que possuem das duas partes, nós defendemos e acusamos sem saber o que se passa na mente do outro sujeito. Sortudos seríamos nós, se ao travássemos nossas relações diárias, recebêssemos duas peças judiciais, com pontos e contrapontos. Porque mesmo que não chegássemos a uma conclusão justa, poderíamos dizer que ao menos tentamos.