Pixadores
Assisti a um documentário sobre pixação em São Paulo, tem mais coisas ali do que simples rabiscos. Eles são da periferia. Interessante que o programa de escrita aqui não está aceitando a palavra como grafada "pixação", será que não existe? Mais uma forma de estar na periferia.
Eles dizem que a origem foi o "Kão Fila km 26", lembram? Depois veio a pixação contra a ditadura e em seguida as poéticas até chegar as de hoje, que é arte para eles.
Escalam prédios pelo lado de fora sem nenhuma segurança, quanto mais arriscado mais valorizado os rabiscos. A motivação, segundo eles é um tripé, protesto, adrenalina e reconhecimento publico.
Diria que é falta de opção para a garotada menos favorecida economicamente. A necessidade de se expressar vem de várias maneiras, uma delas é a que exercemos aqui no recanto, outras, seriam através da musica, artes plásticas, politica, esportes. A necessidade de pintar é atávica, haja vista as pinturas em cavernas.
Estes meninos não tem opção para expressar a sua revolta contra a miséria, contra a corrupção, contra a falta de opção. Desculpe a repetição, mas é a ideia mais contundente.
A necessidade de reconhecimento público é um mal ou bem que até a nos atinge. Por que temos a necessidade de escrever um livro, publicar as nossas angustias, ideias, pensamentos aqui neste painel?
Eu ficaria maluco de raiva ao pintar minha casa e um bando de malucos viessem pixá-la, mas o que eu fiz para amenizar esta necessidade? Dei opção a algum menino para ouvi-lo de alguma maneira?
Outra necessidade que verifiquei é a necessidade social, a de bando, eles adoram pertencer a um grupo, um deles falou "a pixação um dia passa, mas a amizade fica para sempre".
Acho que se devia estudar com carinho este fenômeno:
"Há mais do que rabiscos entre a última laje e o chão de um prédio pixado".