BELEZA É PLÁSTICA.

Perguntado se não era uma beleza determinada meditação sobre a quaresma, com transcrição de livro sagrado, respondi:

Confesso que não vejo as palavras dos livros sagrados como beleza, mas como convocação para posicionamento.

Beleza é plástica, nunca mística. As reflexões, parábolas, enunciados do antigo e novo testamento, cartas, atos dos apóstolos, e consectários, buscam a interpretação crítica. É assim que reporta a literatura. São assim as encíclicas pontifícias dos maiores cérebros da igreja. Mas nos gestos pode haver algo de belo, pois a bondade tem algo de beleza, porém beleza específica, na formalidade do vocábulo, tem outra direção.

Por que esta diferença? Reflexão não traduz o belo, mas introspecção. A beleza interior pode se expressar em formas, plásticas, expor o sentimento interior na visão do belo que se molda em plasticidade esculpida, pintada.

Palavras egressas dos livros sagrados envolvem a imaterialidade que não se manifesta em formas, mas em tratamento espiritual de abordagem para um objetivo final próprio. A própria religião é imaterial.

O regime conceitual de arte permanece girando sem definição unânime. Para alguns tudo é arte, e assim expressaria beleza, mas a arte negra não é bela, como na morte, visível nos jacentes feitos em mármore, como dos reis de França. São obras primas, como na Igreja de Saint Denis, beleza da estatuária, sendo a escultura manifestação da arte de maior expressão no meu entendimento pessoal, mas dizer bela a morte como a exposição “ L ´Ange de Bizarre”, o “romantismo negro” da pintura, corrente do século XVIII ao XX, é outro convencimento, aceito por alguns.

Por isto a dificuldade de rigor em se chamar de beleza a literatura que não deleita os olhos, se dirige ao espírito. Muito mais e principalmente em livros sagrados.

Se são sagrados e mesmo assim geram enorme dissenção de crença, inclusive dos crentes, englobam mensagens, convocação como disse para reflexão, não traduzem beleza, que é estética, e nem foi essa a finalidade para a qual foram escritos, mas sim para direcionar caminhos e escolhas.

Geram divisões, o que não ocorre com a beleza plástica unânime. Quem diria não ser belo o conjunto esculpido por Bernini do Êxtase de Santa Thereza D` Avila, na Igreja Santa Maria Del Poppolo em Roma?

Plasticidade sem contrariedades como o fantástico Rapto de Proserpina que nos coloca de joelhos diante da mão mágica do Rei de Roma, Bernini. Literatura é mensagem que enleva ou não o espírito, beleza é forma, plástica.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 22/02/2013
Reeditado em 22/02/2013
Código do texto: T4153615
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