ADORÁVEIS “PREGUIÇOSOS”

Creio que uma das coisas que impulsionaram a evolução da humanidade foi a criatividade. Mas.... o que é ela, afinal? No senso comum, diz-se que é a capacidade do ser humano exprimir-se de uma forma original. Também encontra-se definição dizendo que é a faculdade ou habilidade de desenvolver um potencial criativo, que é fruto da necessidade de se criar métodos ou objetos capazes de executar tarefas de maneira diferente do habitual, com a intenção de satisfazer algum propósito.

Nessa crônica não abordarei as criações do pessoal que estudou e pesquisou muito, visando a mudar, positivamente, o mundo. A eles devemos muitas coisas como: as universidades, os óculos, o relógio, as caravelas, a imprensa, o telescópio, o microscópio, a máquina a vapor, o avião, a eletricidade, o telefone, o raio X, o radar, a televisão, a geladeira, o computador, o ar condicionado, o ultrassom, a quimioterapia, a radioterapia...

Farei um foco nos inventores que também quiseram mudar o mundo, mas o fizeram buscando soluções originais, rápidas, fáceis, práticas e econômicas para o que eles não gostavam e que nós também não simpatizamos muito: desgastar braços, mãos e pernas.

O povo nascido na década de 50 vai entender bem as perguntas a seguir: Já imaginou se a juventude de hoje ainda tivesse de usar o espanador, se agachar para encerar o chão e tivesse de se esticar todinha para lustrá-lo com escovão? Será que eles saberiam lavar roupas no tanque, passá-las no ferro à brasa, bater bolos com as mãos, fazer claras em neve com o garfo, e extrair sucos de frutas simplesmente espremendo-as?

Penso que o aspirador de pó, o piso frio, a máquina de lavar roupas/ louças, os ferros a vapor, a batedeira e o liquidificador devem ter sido inventados por adoráveis “preguiçosos” e eu o convido, meu leitor, a conhecer, resumidamente, as histórias das invenções de quatro coisas: a batedeira, a máquina de lavar roupas, o liquidificador e o ar condicionado.

Em 1908, Herbert Johnson, engenheiro americano, ao observar como eram feitas as misturas na fabricação do pão nas padarias, acabou idealizando um instrumento capaz de misturar melhor os ingredientes de uma forma mais rápida e com um menor esforço. Apesar dessa invenção ter mais de um século de idade, só depois que eu me casei é que consegui ter uma para “economizar” os meus braços e as minhas mãos.

Também no começo do século XX, a partir da invenção do motor elétrico, foi possível criar uma máquina capaz de limpar as roupas em larga escala. Mesmo não sendo possível definir precisamente o inventor da lavadora de roupas, sabe-se que foi A.J.Fischer quem patenteou o invento, em 1906. Se ele estivesse vivo, eu lhe daria um beijão, porque lavar roupas na munheca (e olha que eu fiz muuuuuuito) não é brinquedo não.

Para não fugir à regra do início do século e de inventores americanos, em 1904, nos Estados Unidos, alguém inventou uma engenhoca que mais parecia uma “liquidificadeira” (liquidificador + batedeira). Os objetivos eram ou misturar substâncias químicas industriais ou fazer milkshakes.

Por fim, cito o meu queridinho: o engenheiro americano, Willis Carrier! Em 1902, ele foi contratado pelo dono de uma gráfica para desenvolver um processo capaz de resfriar o ar, pois o calor fazia com que os papéis absorvessem a umidade, tornando as escritas borradas e escuras.

Graças a ele, quando meu quarto está parecendo sucursal do inferno, eu não escolho nenhuma dessas três coisas abaixo:

a) “Gastar” meus braços usando leques;

b) Contratar um eunuco para me abanar (Você acha que meu marido iria permitir isso, se o sujeito não fosse castrado?)

c) Passar raiva com os ventiladores, que sopram ar quente.

De fato, considero a invenção de Carrier adorável, mas vou confessar um negócio: a cada mês, tenho vontade de ressuscitá-lo e dividir com ele a conta “salgada” da EDP (Companhia de energia elétrica no ES).

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 22/02/2013
Reeditado em 10/05/2023
Código do texto: T4153352
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