QUEM NÃO LÊ MAL FALA, MAL OUVE, MAL VÊ
Por meio de minha amiga Paula Mara dos Reis Ferraz, via Facebook, soube de uma matéria publicada em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/so-45-dos-professores-da-rede-publica-leem-no-tempo-livre, por iniciativa de Luiz Nascif, em 05 de fevereiro de 2013, intitulada: “Só 45% dos professores da rede pública leem no tempo livre”.
Ao ler a notícia, ficamos sabendo que os dados que justificam o título foram obtidos “nas respostas dadas (pelos professores) aos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo Inep- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Eles mostram que “dos 225.348 professores que responderam à questão (acerca de hábito de leitura), 101.933 (45%) leem sempre ou quase sempre, 46.748 (21%) o fazem eventualmente e 76.667 (34%), nunca ou quase nunca.”
Na mesma reportagem, a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, considera o dado chocante, mas diz acreditar que o problema não seja causado apenas pelo desinteresse. Ela aponta outras causas: falta acesso, faltam bibliotecas, livro é caro, “professor de educação básica ganha em média 40% menos que um profissional de ensino superior”, faltam políticas de incentivo.
Não descarto nada disso, mas achei essa moça muito boazinha! Será que ela ela acha mesmo que para o professor ler precisa de outra motivação que não seja a consciência da importância desse ato para o seu desempenho profissional?
Se ela estiver certa, então eu acho que eu e todos da minha geração, que nos tornamos docentes, fomos tolos diversas vezes: primeiro porque apesar de sermos quase todos oriundos de famílias numerosas e humildes, escolhemos essa profissão; depois por termos cursado toda a educação básica em escolas públicas, onde não havia bibliotecas. Talvez, também, tenhamos sido muito idiotas, quando começamos a atuar como “monitores” e ficávamos seis meses sem salários, pois, ainda assim, a gente se endividava, adquirindo as coleções que os vendedores de livros nos apresentavam durante os recreios. Outra coisa: acho que fomos muuuuuito sonsos, também, quando nós escrevíamos para as embaixadas de vários países, solicitando material de leitura....
Considerando que é tarefa do professor fornecer informações corretas, utilizando estratégias que permitam aos seus alunos transformá-las em conhecimentos; penso que a leitura é o alimento da alma, é o alicerce da competência técnica e profissional, é, portanto, uma “ferramenta” de trabalho. Optando por não ler, o professor tem grande chance de prejudicar intelectualmente os inocentes que lhes são confiados, pois não vislumbrará os novos caminhos a guiar-lhes, e nem conseguirá ser exemplo do que deveria pregar.
Por fim, transcrevo parte do que minha amiga Paula Mara do Reis Ferraz escreveu em sua página sobre o referido texto: “A falta do hábito de leitura dos professores é algo preocupante, pois ninguém dá aquilo que não possui, nem defende aquilo que não acredita. Além disso, "quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê" (Monteiro Lobato). E eu acrescento: mal pensa, mal vive, mal convive!”
Perfeito, Paulinha. Perfeito!