* Certa vez, quando criança, na praia, enquanto os meus pais conversavam animados e os meus irmãos brincavam, decidi construir um castelo de areia.
Fiquei empolgado e tentei caprichar.
Eu queria fazer bonito, preparando um castelo o qual permanecesse muito tempo revelando a minha notável habilidade.
Almejei fazer um castelo de areia indestrutível.
Talvez quinze minutos após começar o meu empreendimento, não percebi ou não liguei para a maré que enchia.
De repente uma onda um pouco mais ousada avançou demais, o meu castelo não resistiu e desmoronou em breves segundos, causando uma frustração a qual provocou o meu choro.
Percebendo a situação, minha mãe se aproximou sorridente e alisou a minha cabeça.
O carinho recebido cessou as lágrimas, no entanto o desencanto de não mais ver o castelo o qual eu construía com tanto esmero continuou incomodando.
Logo depois, contudo, uma distração qualquer fez eu esquecer a obra sonhada que a onda rigorosa arrasou.
* Hoje, sentado nas areias da praia da vida, sem poder escutar mais os diálogos descontraídos dos meus pais, desenvolvo um paralelo com a situação de outrora analisando quantas vezes investi na edificação de castelos facilmente derrubados pelas ondas que surgiram a partir da maré crescente a qual nem sequer notei aparecendo.
Na verdade tudo indicava a efemeridade de tais castelos, pois, semelhantes àquele que construí sem dar importância a uma onda óbvia e esperada, as ondas modernas também surgiram depois que a maré cresceu sem contar com nenhuma ação preventiva.
Desse jeito vi amigos desaparecerem talvez porque eu tenha esnobado telefonemas ou deixado de realizar uma simples ligação sondando como eles estavam, oferecendo o calor da atenção e mostrando a força do afeto existente.
Muito envolto nos meus problemas, esqueci de regar a relação e, quando percebi, as amizades já eram estranhas.
Dessa forma também constatei que belos projetos almejados perderam o vigor muito rápido.
Eles mal nasceram, logo morreram bem antes de acontecerem.
O entusiasmo enfraqueceu sem a disciplina e perseverança que deveria nutri-los.
Foram aspirações nobres, porém a falta de vigilância, a acomodação e as várias outras preocupações suscitaram que elas sumissem.
* A frustração que hoje experimento não pode ser esquecida com algum tipo de distração qualquer.
A constatação sugere que nossos castelos tornam-se frágeis se apenas ficamos aguardando as ondas surgirem implacáveis e destruidoras.
Quando criança, minha adorável mãe sossegou a alma decepcionada do menino Ilmar.
Isso foi o bastante.
Hoje preciso encontrar o consolo e o incentivo sem sua doce presença, seguindo firme adiante, refazendo as verdadeiras amizades momentaneamente enfraquecidas e retomando os bons ideais que foram apenas esboçados, enfim, o adulto Ilmar necessita demais de sabedoria, coragem, determinação e atitude.
Um abraço!
Fiquei empolgado e tentei caprichar.
Eu queria fazer bonito, preparando um castelo o qual permanecesse muito tempo revelando a minha notável habilidade.
Almejei fazer um castelo de areia indestrutível.
Talvez quinze minutos após começar o meu empreendimento, não percebi ou não liguei para a maré que enchia.
De repente uma onda um pouco mais ousada avançou demais, o meu castelo não resistiu e desmoronou em breves segundos, causando uma frustração a qual provocou o meu choro.
Percebendo a situação, minha mãe se aproximou sorridente e alisou a minha cabeça.
O carinho recebido cessou as lágrimas, no entanto o desencanto de não mais ver o castelo o qual eu construía com tanto esmero continuou incomodando.
Logo depois, contudo, uma distração qualquer fez eu esquecer a obra sonhada que a onda rigorosa arrasou.
* Hoje, sentado nas areias da praia da vida, sem poder escutar mais os diálogos descontraídos dos meus pais, desenvolvo um paralelo com a situação de outrora analisando quantas vezes investi na edificação de castelos facilmente derrubados pelas ondas que surgiram a partir da maré crescente a qual nem sequer notei aparecendo.
Na verdade tudo indicava a efemeridade de tais castelos, pois, semelhantes àquele que construí sem dar importância a uma onda óbvia e esperada, as ondas modernas também surgiram depois que a maré cresceu sem contar com nenhuma ação preventiva.
Desse jeito vi amigos desaparecerem talvez porque eu tenha esnobado telefonemas ou deixado de realizar uma simples ligação sondando como eles estavam, oferecendo o calor da atenção e mostrando a força do afeto existente.
Muito envolto nos meus problemas, esqueci de regar a relação e, quando percebi, as amizades já eram estranhas.
Dessa forma também constatei que belos projetos almejados perderam o vigor muito rápido.
Eles mal nasceram, logo morreram bem antes de acontecerem.
O entusiasmo enfraqueceu sem a disciplina e perseverança que deveria nutri-los.
Foram aspirações nobres, porém a falta de vigilância, a acomodação e as várias outras preocupações suscitaram que elas sumissem.
* A frustração que hoje experimento não pode ser esquecida com algum tipo de distração qualquer.
A constatação sugere que nossos castelos tornam-se frágeis se apenas ficamos aguardando as ondas surgirem implacáveis e destruidoras.
Quando criança, minha adorável mãe sossegou a alma decepcionada do menino Ilmar.
Isso foi o bastante.
Hoje preciso encontrar o consolo e o incentivo sem sua doce presença, seguindo firme adiante, refazendo as verdadeiras amizades momentaneamente enfraquecidas e retomando os bons ideais que foram apenas esboçados, enfim, o adulto Ilmar necessita demais de sabedoria, coragem, determinação e atitude.
Um abraço!