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Conheceram-se há dois meses e embarcaram em um relacionamento a distância. Amam-se intensamente, o celular não para de tocar a cada segundo, as caixas de e-mail estão sempre cheias e Deus os livre se não entrarem no “chat” para se desejarem boa noite, como se fosse o último dia de suas vidas.

Que bom receber mensagens de amor durante o dia, que agradável tomar o primeiro café da sua rotina acompanhado de um “eu te amo” em letras garrafais em uma tela que os olhos precisam ser espremidos para lerem. Seus corações estavam submetidos, comprometidos.

Mais dois meses passaram em um relacionamento a base de 10 horas de viagens mensais e 500mg de analgésicos por dia.

O toque do celular não fora mais ouvido, os e-mails não saíam da lixeira eletrônica e nem vou mencionar as redes sociais.

Poderia ter acabado pelo simples fato de sentirem ciúme um do outro, ou raiva, ou indiferença. Mas essa coisa de “tecnologia” foi mais como um sangue suga. Sugou-lhes o tempo, o toque, o olhar, o cheiro, o amor.

Que ótimo meio de comunicação! E de pesquisas, então!?

As únicas pesquisas que lhes eram interessantes era saber se algum ser – capaz de lhes provocar ciúme – havia os adicionado em tais redes sociais. A única comunicação que lhes restava, se não por mensagens de texto, eram os chats online.

E que mania de escrever palavrinhas contraídas, erradas, inventadas! Se não bastasse, o “eu te amo” era seguido por inúmeras caretinhas feitas por, antes, sinais gráficos que agora viraram “happy smile”.

Me chamem de tradicionalista, moralista ou o que acharem melhor. Mas, prefiro mandar uma carta escrita com todas as letras o quanto a amo. Prefiro esperar um mês por uma resposta e sentir a angústia e a emoção de ler a reciprocidade escrita ortograficamente correta. Não uso parênteses para expressar minha felicidade, prefiro ver e mostrar os dentes. E nem me falem em tristeza! Antes limpar as lágrimas da minha namorada, do que nunca mais receber uma mensagem de texto e viver na incerteza de que ela nunca me amou.

Luana de Bortoli
Enviado por Luana de Bortoli em 21/02/2013
Código do texto: T4152311
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