FALANDO DE ... "NEGÓCIOS"

Indo , vindo ou parando , por aí , cuidando da vida de todos e até da minha ( quando me sobra o tempo ) .

Esbarrei com um amigo de infância , em plena escadaria do metrô , na estação Pres. Vargas . Conversa vai , conversa vem ... E chega a hora em que , nos despedindo , trocamos os telefones , os e-mails ( agora , isto é a moda ) . Então , eu peço à ele pra me dar o “negócio” virtual . O rapaz não gostou , deu-me às costas .

No supermercado , em frente às bancas de legumes , frutas e hortaliças , em já pondo os artigos do meu interesse dentro do carrinho , indo na direção da balança , antes do caixa final . Ouso perguntar ao rapaz que me atende quanto custa “aquele negócio , lá na frente” . Observei um estado de espanto , rigorosamente , extra terrestre .

Dentro do elevador , centro do Rio de Janeiro , Edifício Avenida Central , seguindo para uma sala de escritório – advogado criminal – de um amigo . E para a senhora que estava comigo no elevador , comentei sobre o corredor BRT , dizendo que “o negócio já começou torto”. A pobre senhora corou tanto que me preocupou .

Fim de semana , horas medianas da tarde de domingo , sentada ao portão de casa , embaixo da árvore que a Prefeitura mandara plantar a mais de quinze anos na minha calçada , batendo papo com os vizinhos . E passa um automóvel , bem devagar . Meu olhar de lince descobre a ponta de um vestido , uma saia , aparecendo para o lado de fora da porta do motorista. Então , eu grito : “ Olha , tem um “negócio pendurado aí “ ! Os rostos viraram-se na minha direção , também os mais distantes , e um silêncio , nunca dantes experimentado na rua , instalou-se .

No carro do meu namorado , indo para o nosso lugar de relaxar ( e não falo dos motéis , não ; existem milhares de lugares neste mundo de meu Deus onde este verbo pode , perfeitamente , ser desenvolvido , sem choques nem decepções , bastando que nos utilizemos da criatividade , enterrando a mesmice ) , observando o que nos sobrou de paisagem natural , quietinha no banco do carona . Amigos ... nesta vida , ainda que me torturem ao belo exemplo medieval , EU NÃO DIRIJO ! Então , quando estamos à postos , no instante de párar o carro e estacionar , eis que surge um beócio , um estafêrmo das quatro rodas , e nos empata o caminho do modo mais absurdo que já se pode ver na liturgia do trânsito carioca : rouba-nos a frente , ligeiríssimo , pondo o carro de esguelha no espaço delineado em amarelo . Eu saio do carro , imediata como o Papa Léguas mas sem fazer o beep-beep , vou até o desdito e aponto-lhe o dedo indicador direito , resoluta : “ Tire , já , este “negócio daí” !! Minha gente , e não é que ele tirou ?

Conclusão . Embasada nas minhas infrutíferas tentativas de conexão com a raça humana durante cincoenta e três anos de vida , sob o natural , sem frescura e bom uso do idioma português , sinto-me à vontade para dizer e fazer gravar , aqui e agora , que “negócios” existem , sim , completamente fora da realidade linguística que tantos já fizeram com que nós acreditássemos , mas que só dão resultados sob a conotação sinistra das nossas impressões particulares , ora esclarecendo a uns , ora apatetando – e de vez – a outros . Amém ? Que Deus nos proteja ...

Josí Viana
Enviado por Josí Viana em 21/02/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4152047
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