Cada um na sua

Então.

E aí eu me pego tendo de resolver meus problemas pessoais, particulares e intransferíveis enquanto os telejornais me azucrinam com as mazelas mundiais.

Não que eu não me importe com os problemas do mundo e tal, mas ninguém vem até a minha televisão me dar soluções reais para os meus problemas. A minha conta ninguém paga. E os meus problemas são locais.

Aí tem o marginal que saiu alucinado, pegou um carro e atropelou as pessoas.

Palmas.

Estudante de direito.

Muitas palmas.

Escrito na testa né: filhinho de papai, mimado, bandido, irresponsável.

Eu só vejo isso.

Mas tem outra linhazinha, em fonte tamanho mínimo escrito: nada vai acontecer comigo porque vão alegar que eu tomo remédio controlado. Justiça nesse país é coisa que só existe em novela.

E o assunto vai morrer.

Mas eu tô aqui pagando de estressada e deixando registrado. Para quê? Para nada.

Apenas para meu alívio pessoal. Porque eu sou maluca e não me conformo com as coisas.

E aí eu respiro. Tomo um café. Tô calma.

Então desculpa, mas não cabe a mim encontrar a paz na Líbia. Tipo dane-se a Líbia.

Eu tô até fio de cabelo atochada de problemas para resolver e como se já não bastasse os meus, eu ainda tenho que ficar tendo dor de cabeça pelos problemas que o meu país tem o dom de criar para ele mesmo.

Nós não sofremos por guerra. Sofremos por incompetência e corrupção generalizada. O número de mortos é o mesmo.

Então é isso.

Beijo para você que tem estado com a macaca como eu.

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 20/02/2013
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